Brasília - Depois de bate-boca com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e deputados federais, o ministro da Educação, Cid Gomes (Pros), pediu demissão nesta quarta-feira. A tumultuada saída deve deflagrar uma minirreforma ministerial.
Alvo de manifestações e em queda livre de popularidade, a presidenta Dilma Rousseff luta para atender à base aliada, em especial o PMDB. Um dos cotados para assumir a pasta do Turismo ou a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) é o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Seu nome subiu na bolsa de apostas porque não está na lista dos citados na Operação Lava Jato.
Outro que deverá sair é o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Trauman. A troca deverá ser agilizada após o vazamento de documento em que ele admite que a comunicação do Planalto é “errática”.
Convocado para se explicar no plenário da Câmara, Cid Gomes repetiu ontem afirmações feitas no começo do mês, quando afirmou que há cerca de 300 deputados que “achacam o governo” e que são adeptos da tese do “quanto pior melhor”. Cid subiu o tom e disparou contra os “oportunistas”. “Partidos de situação têm o dever de ser situação. Ou larga o osso e sai do governo”. A presidência da Câmara ajuizará ação contra ele, e Eduardo Cunha prometeu processá-lo em seu nome.
Na semana passada, Eduardo Cunha chamou Cid de “mal-educado” por conta das afirmações sobre achaque. Apontando para o presidente da Câmara, o agora ex-ministro da Educação disse: “É melhor ser acusado de ser mal-educado do que de fazer achaque”.
No fim da sessão, Gomes discutiu com o deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ), que o chamou de “palhaço”. O ex-ministro pediu respeito, mas Eduardo Cunha cortou-lhe o microfone. “Vossa Excelência não é parlamentar para usar da palavra”, disse o presidente da Câmara.
Cid Gomes desceu da tribuna da Câmara e, minutos depois foi ao Planalto, onde entregou o cargo. Em nota, a presidenta confirmou a demissão e “agradeceu a dedicação de Cid Gomes à pasta”. Antes, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, já havia enviado mensagem à Câmara anunciando a demissão do ministro.
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), afirmou que a base aliada do governo se romperia, caso Cid permanecesse no cargo. “A saída dele não esgarçou mais a relação do PMDB com o Executivo, mas poderia acabar com toda a base”, disse Picciani, que negou que o PMDB tenha interesse em indicar o substituto de Cid Gomes.