Por bferreira

Paraná - A Justiça Federal no Paraná aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e mais 25 pessoas acusadas de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo obras da estatal. É primeiro processo de Duque e Vaccari na Justiça Federal relacionado à Operação Lava Jato.

Duque (E)%2C Vaccari e outras 25 pessoas se tornaram réus na Justiça por irregularidades em obras de dois gasodutos e em duas refinariasAgência Brasil

Vaccari é acusado de intermediar o pagamento de propinas ao PT por meio de doações oficiais ao partido, entre os anos de 2008 e 2010. Ontem à tarde, o PT divulgou nota na qual afirma que “não são verdadeiras” as acusações contra Vaccari e que ele está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.

A denúncia foi apresentada há uma semana, no dia em que a 10ª fase da Lava Jato foi deflagrada. Foi nesta fase que Duque foi detido pela segunda vez. O pedido de prisão foi motivado por movimentações financeiras feitas pelo ex-diretor em contas bancárias do exterior.

DEPOIMENTO

Em depoimento prestado no dia 12 e tornado público ontem, o ex-gerente de engenharia da estatal Pedro Barusco afirmou que Vaccari discutia pessoalmente com dirigentes da Petrobras detalhes de licitações, aditivos e até mesmo problemas técnicos em obras tocadas por fornecedoras da estatal que doavam ao partido.

Ele deu mais detalhes dos encontros com Vaccari, segundo ele no Rio, em hotéis como o Cesar Park, em Ipanema, o Sofitel e o Windsor, em Copacabana; e em São Paulo, nos hotéis Sofitel Sena Madureira, Transamérica Morumbi e Melia Alameda Santos. Segundo Barusco, Vaccari e Duque participavam dos encontros.

Na denúncia aceita ontem pela Justiça, o ex-gerente da Petrobras e outras 14 pessoas são acusadas também de formação de quadrilha. Entre os réus, estão executivos das empreiteiras OAS, Mendes Junior e Setal suspeitos de fraudar as licitações e pagar propina.

A denúncia tem como foco irregularidades em obras em dois gasodutos e nas refinarias de Paulínia (SP) e Araucária (PR). O Ministério Público Federal estima em R$ 136 milhões o total de desvios nesses projetos.

TRANSFERÊNCIA

O juiz Sérgio Moro autorizou a transferência de 12 presos da Lava Jato da carceragem da Polícia Federal para o Complexo Médico-Penal do Paraná, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. O pedido havia sido feito pela Superintendência da PF no Paraná, que alegou ter pouco espaço para abrigar todos os detidos em sua carceragem.

Porsche de doleira é arrematado

O Porsche que era da doleira Nelma Kodama, uma das envolvidas na Operação Lava Jato, foi leiloado ontem pelo lance de R$ 206 mil. Foi o primeiro leilão de bens apreendidos ao longo do escândalo da Petrobras. O valor inicial do Porsche Cayman 2010/2011, com 22 mil quilômetros rodados, fora fixado em R$ 200 mil.

Nelma Kodama foi condenada na Operação Lava Jato a 18 anos de prisão pela prática de 91 crimes de evasão de divisas, além de operação de instituição financeira irregular, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ela está presa na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, e recorre da decisão.

A doleira foi presa em março do ano passado, no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Na ocasião, ao saber que estava sendo investigada pela PF, Nelma tentou fugir para a Itália com 200 mil euros escondidos na calcinha. O carro foi arrematado por um comprador de Curitiba, que não teve o nome divulgado.

Dilma é vítima da mídia

A presidenta Dilma Rousseff é vítima de uma campanha midiática “sem precedentes” e a reprovação ao seu governo é “conjuntural e momentânea”. A afirmação é do líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), depois de avaliar pesquisa CNT/MDA divulgada ontem e que aponta 64,8% de reprovação do governo Dilma.

“Quem lutou, como nós lutamos, contra a ditadura não pode se assustar com a voz das ruas. Já vi prefeito ser rejeitado por 85% da população e depois ser reeleito”, disse Guimarães.

Em sua opinião, colaborou com a piora da avaliação do governo uma campanha contrária da mídia, que, segundo o líder, supervalorizou os protestos de 15 de março contra a corrupção e o governo federal.

Pela pesquisa, 64,8% dos entrevistados consideram o governo da petista ruim ou péssimo, contra 10,8% que o avaliam como ótimo ou bom. Outros 23,6% acham que o governo é regular. Em relação a um eventual pedido de impeachment de Dilma, 59,7% responderam ser favoráveis e 34,7%, contrários. Outros 5,6% não sabem ou não responderam.

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