Por felipe.martins

Brasília - Não é à toa que a maioria dos partidos com representação na Câmara dos Deputados é favorável ao voto conhecido como distritão — pelo qual são eleitos os candidatos mais votados. Estudo da Universidade Federal do Paraná (PR) aponta que o novo modelo, previsto na reforma política em tramitação na Câmara, alteraria pouco o quadro dos eleitos em outubro de 2014.

Na simulação feita pelo Núcleo de Pesquisa em Sociologia Político Brasileira (Nusp) da UFPR apenas 45 cadeiras das 513 — ou 8,77% do total — trocariam de ocupante. “É por isso que o distritão tem chances de ser aprovado facilmente. A maioria dos partidos é favorável a essa proposta”, diz o presidente da Comissão Especial da Reforma Política, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Presidente da comissão de Reforma Política%2C Rodrigo Maia acredita que o distritão será aprovado facilmente Márcio Mercante / Agência O Dia

Segundo ele, a comissão deverá votar até o fim de abril a adoção do novo sistema. A previsão é que a proposta chegue ao plenário da Câmara em junho.Para Márcio Cunha Carlomagno, autor do estudo do Nusp, a simulação mostra que os “puxadores de votos” — deputados que têm votação estupenda e levam outros menos votados para a Câmara — também não causam uma distorção grande na composição da Cada. “Nesse contexto, o puxador de votos parece ser muito mais a exceção do que a regra do atual sistema, visto que as mudanças não são drásticas em termos de eleitos”, explica Carlomagno.

Pelo levantamento, com o distritão, as mudanças são pontuais sobre as bancadas, com a permanência de 26 partidos com representação contra os atuais 28.Rodrigo Maia está certo, no entanto, que a realidade partidária na Câmara será bem diferente da atual, quando o modelo for implantado. “Com o distritão, vão ficar entre oito e 12 partidos. Todo mundo vai querer migrar para um partido maior, com mais estrutura”.

Além de praticamente não alterar o número de partidos na Câmara, a simulação mostra que as maiores bancadas também se manteriam quase inalteradas com a mudança. O PT, que elegeu 70 deputados, ficaria com 71, e o PSDB permaneceria com os mesmos 54. O PMDB é a sigla que seria mais beneficiada: ficaria com 71 deputados federais, contra os 66 eleitos em 2014.

Segundo o estudo da UFPR, a situação da bancada federal do Rio de Janeiro teria poucas alterações. Dos 46 deputados federais eleitos em 2014, apenas três não entrariam com o distritão: Ezequiel Teixeira (SD), Luiz Carlos Ramos do Chapéu (PSDC) e Alexandre Valle (PRP). Pelo novo sistema, seriam eleitos Marquinho Mendes (PMDB), Walneu Rocha (PTB) e Wadih Damous (PT).

Mudança drástica

Aprovado na semana passada no Senado, o fim das coligações nas eleições proporcionais (vereador e deputado estadual e federal) alteraria substancialmente o tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados. Segundo o estudo da UFPR, o PT e o PMDB seriam os mais beneficiados com a proibição de partidos se associarem.

A bancada do PT saltaria dos atuais 70 deputados federais para 101 — um ganho de 31 cadeiras. Já o PMDB aumentaria sua bancada de 66 para 102 parlamentares, de acordo com a simulação feita pelo Nusp.

O PSDB é outro que também se sairia bem com o fim das coligações: pularia dos atuais 54 para 71 deputados federais. “Se o distritão teria força de modificar apenas 45 deputados, a mudança seria bem mais radical com o fim das coligações: 147 dos 513 deputados federais seriam diferentes daqueles eleitos em outubro do ano passado. Ou seja, 28,65% da Casa”, atesta Márcio Carlomagno, autor do estudo.

Você pode gostar