Por victor.duarte

Brasília - Preso pela manhã na 12ª fase da Operação Lava Jato, João Vaccari Neto pediu no final da tarde o afastamento do cargo de tesoureiro do PT. A decisão de se desligar da função foi anunciada em nota publicada no site do PT e assinada pelo presidente do partido, Rui Falcão. Na nota, a cúpula do partido saiu em defesa de Vaccari Neto e classificou a prisão ontem do tesoureiro como “desnecessária” e “injustificada”.

Vaccari Neto foi levado para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba Efe

Com o pedido de afastamento de Vaccari, o PT espera reduzir o ônus da saída do tesoureiro. Seu desligamento do cargo foi adiado desde que a Justiça aceitou denúncia contra ele e Vaccari virou réu por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.

Na nota, o PT afirmou que a prisão de Vaccari é “injustificada visto que, desde o início das investigações, ele sempre se colocou à disposição das autoridades para prestar qualquer esclarecimento que lhe fosse solicitado.” No texto, o partido ressaltou ainda que “reafirma” a “confiança na inocência de Vaccari” não só por sua conduta à frente da Secretaria de Finanças do PT, mas também pelo princípio de que “todos são inocentes até prova em contrário.”

Com cinco itens, a nota revelou também que os advogados de Vaccari apresentaram um pedido de habeas corpus “para que sua liberdade ocorra no prazo mais curto possível.” Por fim, o partido informou que expressa sua solidariedade ao tesoureiro e sua família e diz que o PT confia “que a verdade prevalecerá no final.”

A prisão de Vaccari ontem pela manhã, em São Paulo, pegou os dirigentes petistas de surpresa. Rui Falcão estava em Brasília quando soube da decretação da prisão pelo juiz Sérgio Moro. Na sexta-feira passada, a Justiça decretou a prisão de ex-deputados, entre eles André Vargas (PR), que saiu do PT. Desde então, o Palácio do Planalto trabalhava com a hipótese de Vaccari também ser preso a qualquer momento.

Vaccari foi preso em sua casa em São Paulo por volta das 6h de ontem e chegou à superintendência da PF em Curitiba por volta do meio-dia. O petista é acusado de operacionalizar o recebimento de propina para a legenda em obras da Petrobras, na construção de navios e sondas para o pré-sal.

Além dele, a sua mulher, Giselda Rousie de Lima, foi ouvida na própria residência do casal num mandado de condução coercitiva _ quando a pessoa obrigatoriamente depõe. A cunhada do tesoureiro Marice Correa de Lima teve um mandado de prisão temporária emitido,

Em despacho, o juiz Sergio Moro justificou a detenção do tesoureiro do PT alegando que “a manutenção dele em liberdade” oferece risco às instituições porque, mesmo após o oferecimento de denúncia, “ele remanesce no cargo de tesoureiro do Partido dos Trabalhadores”.

Juiz alega ter provas

Pagamentos feitos entre 2010 e 2013 à Editora Gráfica Atitude foram considerados pelo juiz Sergio Moro prova documental decisiva para a decretação da prisão preventiva de João Vaccari Neto.

A Editora Gráfica Atitude Ltda., que teria sido indicada por Vaccari para o pagamento da propina devida por uma das empreiteiras que operavam na Diretoria de Serviços da Petrobras, pertence aos sindicatos dos Bancários e dos Metalúrgicos do ABC. A empresa edita a publicação ‘Revista do Brasil’ e o site ‘Rede Brasil Atual’. Vaccari foi apontado por cinco delatores como o operador do PT no Petrolão.

Condenada por realizar propaganda irregular de Dilma Rousseff em 2010, a Editora Gráfica Atitude recebeu R$ 1,5 milhão de um dos suspeitos de integrar o esquema de desvios na Petrobras, segundo o Ministério Público Federal.

Oposição unida

Presidentes de cinco partidos de oposição — PSDB, PPS, DEM, SD e PV — decidiram ontem agir de forma conjunta em relação a um eventual pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Na avaliação da oposição, a prisão ontem do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, aproxima mais ainda do pedido de impeachment.

A oposição vai esperar a conclusão de estudo jurídico a juristas, como Miguel Reale Júnior, para decidir se vai ingressar com o pedido de impeachment na Câmara. O estudo foi encomendado pelos tucanos e deve ficar pronto na semana que vem.

"Não há ainda essa definição, mas qualquer que seja ela, será tomada em conjunto pelos partidos de oposição”, disse o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). “Acho que vai ser inevitável. Nós vamos levantar motivos concretos que mostram o envolvimento da presidenta”, afirmou o presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP).

Os oposicionistas avaliam que o estudo tem de apontar motivos concretos para a abertura de investigação contra Dilma. Só então os partidos de oposição vão apresentar formalmente o pedido à Câmara – uma das principais reivindicações das manifestações populares contra o governo realizadas em março e no último domingo.

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