Brasília - Em meio às discussões sobre ajuste fiscal no Congresso, que incluem medidas duras de impacto no bolso de trabalhadores, e, principalmente, nos serviços de Saúde e Educação, já bastante precários em todo o país, eis que os parlamentares se debruçaram ontem no plenário sobre tema cujos benefícios à população são quase zero. Trata-se da construção de um conjunto de prédios no anexo da Câmara, orçado em R$ 1 bilhão, pela iniciativa privada, que abrigará novos gabinetes aos deputados, estacionamento subterrâneo com 4 mil vagas e espaço para aluguel de salas comerciais. Por isso, o projeto está sendo chamado de ‘Parlashopping’ ou ‘Parlacenter’.
A construção do complexo foi resultado de emenda feita à MP 668, dos importados, um item alheio ao texto original, chamado de ‘jabuti’, ‘contrabando’ ou ‘árvore de Natal’ no jargão político. A discussão do aditivo causou indignação a alguns parlamentares.
Líder do Psol, Randolfe Rodrigues (AP) disse que o ‘Parlashopping’ é um “escárnio” à população e espera que seja vetado pela presidenta Dilma. Já o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) afirmou que a Casa não pode permitir um suposto “balcão de negócio” para incluir “assuntos estranhos” às medidas provisórias.
Em plenário, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse que os ‘contrabandos’ estão crescendo na Câmara e que “nós, como senadores, não podemos ratificá-los, alguns deles verdadeiros absurdos”, afirmou.
Maior incentivador das obras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), contestou as críticas. “Acho um absurdo. Ninguém vai fazer shopping, ninguém vai fazer loja Louis Vuitton”, disse. “Podem ser que façam torre de escritório, pode ser que façam hotel, vai ter proposta de tudo, ninguém disse que vai fazer shopping center na Câmara, isso é palhaçada, maldade.”