Brasília - Mesmo com a pressão feita por seus opositores, a presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada na edição de hoje, que não irá deixar a presidência e ainda desafiou os que apoiam seu afastamento a provar seu envolvimento em corrupção. “Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou”, disse a presidente. “Vão provar que algum dia peguei um tostão? Vão? Quero ver algum deles provar. Todo mundo neste país sabe que não. Quando eles corrompem, eles sabem quem é corrompido”.
Dilma disse ainda que que não teme um pedido de impeachment, já que não há base para que isso aconteça. “Eu não vou cair. Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam", pontuou.
No último domingo, em reunião com o PSDB, diversos tucanos e políticos de outros partidos de oposição atacaram a gestão da presidente e se mostraram aptos para assumir o governo. Eles afirmaram ainda que o governo de Dilma pode acabar mais "talvez mais breve do que imaginam". Ainda na entrevista, Dilma respondeu às declarações apontando que há um setor da oposição " um tanto quanto golpista".
"Não vou terminar [o governo] por quê? Para tirar um presidente da República, tem que explicar por que vai tirar. Confundiram seus desejos com a realidade, ou tem uma base real? Não acredito que tenha uma base real. Não acho que toda a oposição seja assim. Assim como tem diferenças na base do governo, tem dentro da oposição”. E desafiou: “Alguns podem até tentar. Não é necessário apenas querer, é necessário provar”.
Dilma ainda comentou o boato disseminado na Internet, desmentido por ela, de que havia tentado se matar. "Eu não quis me suicidar na hora que eles estavam querendo me matar lá - na cadeira - durante a ditadura, a troco de que eu quero me matar agora?"
Em defesa da presidenta e seu vice
Presidentes de 11 partidos aliados e líderes da base no Congresso divulgaram ontem nota em defesa dos mandatos da presidenta Dilma Rousseff (PT) e de seu vice, Michel Temer (PMDB). O texto faz parte da estratégia do Palácio do Planalto de traçar uma “defesa prévia” de Dilma e, dessa forma, tentar blindar o governo dos movimentos pelo afastamento da presidenta que ganharam força na oposição.
“Fizemos uma manifestação explícita em defesa da legalidade, da vontade popular e, evidentemente, dos mandatos da presidente Dilma e do vice-presidente, Michel Temer”, explicou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
A nota afirma que “os líderes e dirigentes partidários abaixo-assinados manifestam o seu apoio à presidenta e ao vice-presidente da República. E reafirmam seu profundo respeito à Constituição Federal e seu inarredável compromisso com a vontade popular expressa nas urnas e com a legalidade democrática”.
Na avaliação de Michel Temer, o abaixo-assinado revela “unidade” entre os aliados, além de afastar “uma ou outra informações sobre insatisfação de um ou outro partido”.