Por clarissa.sardenberg

Rio - Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou nesta sexta-feira que está rompendo com o governo Dilma Roussef. O presidente da Câmara dos Deputados alegou que é alvo de perseguição e disse que o Palácio do Planalto se articulou com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para incriminá-lo na Operação Lava Jato.

"Eu, formalmente, estou rompido com o governo. Politicamente estou rompido", declarou Cunha durante uma coletiva de imprensa na Câmara.

Segundo o peemedebista, isso não implica no "fim da governabilidade", já que ele também irá continuar a pautar projetos que sejam de interesse do governo do PT. No entanto fez um aviso: "Saiba que o presidente da Câmara agora é oposição ao governo”.

Eduardo Cunha anuncia em entrevista que rompeu com governo Dilma Reprodução Internet

O rompimento vem após o ex-consultor da Toyo Setal, Júlio Camargo, afirmar à Justiça do Paraná nesta quinta-feira que pagou US$ 5 milhões de propina a Cunha. 

Segundo Camargo, Cunha o pressionou para pagar US$ 10 milhões em propinas para "agitar" um contrato de navios-sonda da Petrobras. Desse total, Cunha teria dito que era "merecedor" de receber a metade.

O presidente da Câmara rebateu as acusações e desafiou o delator a provar o que disse. Eduardo Cunha afirmou que o procurador-geral havia obrigado Camargo a mentir em seu depoimento para, a mando do governo, constranger o Legislativo.

O delator declarou ainda que como não tinha o dinheiro da propina, Cunha o ameaçou com um requerimento na Câmara, que pedia que os navios-sonda fossem enviados para o Ministério de Minas e Energias para avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU).

Pautas de oposição

Eduardo Cunha, que era líder do PMDB na Câmara antes de assumir a presidência da Casa, no último mês de fevereiro, vem atacando publicamente a aliança com o PT. Ele defendeu, inclusive, que o vice-presidente Michel Temer deixe o cargo de articulador do governo Dilma.

Os próximos passos de Cunha devem envolver a instalação de CPIs de pauta contrária ao governo, como a dos fundos de pensão, por exemplo, e questões que envolvem o julgamento das contas de 2014 da administração de Dilma.

O TCU considerou que há diversas irregularidades nas contas que consistem em atrasos nos repasses do governo a bancos públicos para o pagamento de programas sociais. Tais "pedaladas fiscais", como chamou o TCU, configuram empréstimo e violam a Lei de Responsabilidade Fiscal.

A respeito do impeachment da presidenta, Cunha afirmou que em 30 dias deve decidir se aceita ou não a abertura do processo, apresentado em maio pelo Movimento Brasil Livre (MBL).



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