Minas Gerais - A mineradora Samarco, responsável pelas barragens Fundão e Santarém, em Mariana (MG), não tinha sirenes de alerta de acidentes. A empresa telefonou para pessoas da comunidade para avisar sobre o rompimento de uma barragem. A falta de um alarme sonoro foi uma das principais queixas das famílias que ficaram desabrigadas.
“Não temos esse aviso. A lei de segurança das barragens é a 12.334 de 2010 e nós a cumprimos integralmente”, afirmou o coordenador de projetos da empresa, engenheiro Germano Silva Lopes.
Até ontem à noite tinha sido encontrado um corpo. Quinhentas pessoas estavam desabrigadas e, até o início da noite de ontem, 13 desaparecidos. A avalanche de rejeitos de minério de ferro percorreu 70 quilômetros, atingindo seis comunidades histórias do entorno de Mariana. Bento Rodrigues foi o distrito que mais sofreu com a lama.
O ginásio de Mariana está acolhendo desabrigados pela tragédia. Parte das vítimas apresenta sintomas de intoxicação por minério de ferro _ vômito, náusea, dores de cabeça _ e foi encaminhada ao hospital. Pelo menos uma delas, em estado mais grave, foi levada de helicóptero a um hospital em Belo Horizonte. A Samarco informou que o material das barragens é inerte, não é tóxico e que não há risco de envenenamento da população.
O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) registrou quatro tremores de terra na região antes do rompimento das duas barragens. As magnitudes foram pequenas (entre 2.0 e 2.6 na escala Richter) e, segundo Jackson Calhau, analista da USP, não é possível estabelecer uma relação entre os tremores e o rompimento das barragens.