Por clarissa.sardenberg
Rio - O senador Delcídio do Amaral, preso em Brasília, nesta quarta-feira, por tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, ofereceu R$ 50 mil mensais para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fechar acordo de delação premiada, segundo a Procuradoria Geral da República (PRG). O objetivo do senador era impedir que seu nome fosse citado em irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Filho de Nestor Cerveró mostrou gravação em que Delcídio do Amaral tenta impedir delação do ex-diretorAgência Brasil

Junto com o advogado Edson Ribeiro, que defendeu o ex-diretor da Petrobras e também foi preso nesta quarta, Delcídio procurou o filho de Cerveró, Bernardo, para fazer a proposta. O plano consistia na fuga do ex-diretor de avião até o Paraguai e de lá para Madri, na Espanha. Como Cerveró tem cidadania espanhola, poderia estabelecer residência no país.

Bernardo Cerveró apresentou uma gravação que prova o ocorrido ao Superior Tribunal Federal (STF), que autorizou a prisão do senador. Na gravação, Delcídio cita nomes de senadores que estariam dispostos a votar a favor da soltura dos investigados da Lava Jato presos na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

A PF fez buscas e apreensões no gabinete do senador, no Congresso, e na casa do senador em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

O nome de Delcídio foi citado na delação do lobista Fernando Baiano. Em depoimento, Baiano afirmou que o líder do governo recebeu propina pela compra de Pasadena no valor de US$ 1,5 milhão de dólares.

O banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, o chefe do gabinete do senador Delcídio, Diogo Ferreira, também foram presos.

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André Esteves foi preso no Rio, na casa da família. Ele já foi considerado o 13° brasileiro mais rico, com fortuna avaliada em US$ 3 bilhões, de acordo com levantamento da Forbes de 2012. No último ano, Esteves perdeu US$ 700 milhões. 
Delcídio e o advogado Ribeiro estão em prisão preventiva, já os outros foram presos temporariamente, quando há data de término. O hotel onde a prisão de Delcídio ocorreu é o mesmo onde o pecuarista José Carlos Bumlai foi preso nesta terça-feira.