Por clarissa.sardenberg
Brasília - Manifestantes que usaram lama para protestar no Congresso, nesta quarta-feira, contra a mineradora Samarco pelo desastre ambiental provocado em Minas Gerais e no Espírito Santo foram presos justamente por crime ambiental. A Polícia Legislativa da Câmara alegou que o grupo de cinco pessoas foi "flagrado pichando algumas paredes e piso da Câmara dos Deputados, sujando as pessoas que transitavam no local, bem como ter resistido à prisão", segundo um documento obtido pela "BBC".
O grupo segurava cartazes que estampavam frases que acusavam a Vale e a Samarco, dona da bairreira do Fundão, que estourou em Minas Gerais e espalhou um mar de lama equivalente a 25 piscinas olímpicas, que chegou até o Espírito Santo. "Terrorista é a Vale" e "Código de Mineração + Mariana + Morte", eram alguns.
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A nota ainda acrescenta que "a palavra 'morte' foi identificada entre as pichações, o que pode significar uma referência à tragédia ambiental em Mariana (MG)".
Os deputados federais Chico Alencar e Ivan Valente (ambos do PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB) pediram a liberação dos cinco. Alencar destacou que a prisão foi um paradoxo, já que o grupo criticava justamente o derramamento de lama.
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Segundo a Câmara, os jovens entraram no local como visitantes. O protesto ocorreu no anexo 2 da Câmara, próximo ao departamento de Taquigrafia. Segundo a reportagem, o grupo foi encaminhado para prestar depoimento.
Tragédia em Mariana
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Foi localizado na madrugada desta quinta-feira o corpo da 13ª vítima da rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana, em Minas Gerais. Segundo o Corpo de Bombeiros, o corpo foi encontrado por cães farejadores, em um local de difícil acesso e entregue para a Polícia Civil para identificação.
As buscas continuam na região, onde 11 pessoas ainda estão desaparecidas após o desastre ambiental. Outros quatro corpos ainda aguardam identificação.
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A Vale e a anglo-australiana BHP são as donas da mineradora Samarco, responsável pela barragem Fundão, que liberou mais de 35 milhões m³ de rejeitos provocando um mar de lama nos distritos de Mariana e Bento Rodrigues, em diversas cidades, e devastando o Rio Doce.

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