Por rafael.souza
Rio - Foi preso na manhã desta sexta-feira, Edson Ribeiro, advogado de defesa do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, no Aeroporto Tom Jobim, na Ilha do Governador, após chegar de Miami, nos Estados Unidos. De acordo com a Polícia Fedarel, o advogado desembarcou no Rio em um voo que chegou às 8h10. Ele foi detido por agentes da PF e encaminhado para a Superintendência Regional da Polícia Federal, no Centro do Rio.
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Advogado Edson Ribeiro teve prisão decretada nessa quarta-feira Reprodução Internet

Nesta quinta-feira o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a inclusão do nome do advogado Edson Ribeiro, na difusão vermelha da Interpol. A decisão foi tomada ainda na quinta e cumprida na manhã desta sexta-feira para autoridades policiais, após Edson voltar ao Brasil.

Ribeiro chegou a ser encontrado nos Estados Unidos na quarta, mas não foi preso pois era necessário aguardar a decisão do STF sobre a inclusão de seu nome na lista da Interpol, polícia internacional, o que aconteceu na quinta.

O governo americano chegou a cancelar o visto concedido a Ribeiro - medida padrão adotada pelo governo norte-americano em casos de brasileiros contra os quais há mandado de prisão expedido pela Justiça brasileira. No entanto, Ribeiro adquiriu uma passagem de Miami para o Rio, após um acordo feito entre a agência de imigração do governo americano e a PF brasileira, que permitiu que ele embarcasse.

Além do advogado de Cerveró, a Operação Lava Jato prendeu o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), o banqueiro André Esteves e um funcionário do Senado, ambos na última quarta. Todos são acusados de atrapalhar as investigações sobre o esquema de corrupção da Petrobras.

Delcídio teve sua prisão mantida pelo Senado, na noite de quarta, por 59 votos a 13 . A maior parte dos senadores que votou contra a permanência de Delcídio na cadeia tem envolvimento com a Lava Jato e teme, agora, o chamado efeito dominó, que poderá levar a prisão de outros envolvidos no esquema de corrupção.

Segundo o Ministério Público Federal, junto com o banqueiro André Esteves, o senador ofereceu pagamento de R$ 4 milhões ao advogado Edson Ribeiro, contratado pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, para que o investigado não firmasse acordo de delação premiada na Lava Jato.
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A proposta seria Cerveró assinar o acordo, mas não mencionar nem Delcídio ou o banqueiro nos depoimentos. A dupla também teria pago R$ 50 mil a Bernardo Cerveró, filho do ex-executivo da estatal, em troca do silêncio do depoente. O restante da família receberia a mesma quantia mensal como recompensa.
"O Senador Delcídio Amaral contou com o auxílio do advogado Edson Ribeiro, que, embora constituído por Nestor Cerveró, acabou por ser cooptado pelo congressista. O advogado Edson Ribeiro passou, efetivamente, a proteger os interesses do Senador Delcídio Amaral em sua interação profissional com Nestor Cerveró e Bernardo Cerveró, mesmo depois de tomada por Nestor Cerveró a decisão de oferecer colaboração premiada ao Ministério Público Federal. O advogado Edson Ribeiro recebeu do Senador Delcídio Amaral, a certa altura das tratativas, a promessa de pagamento dos honorários que convencionara com Nestor Cerveró, cujo valor era de R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais)", diz o documento da Procuradoria Geral da República (PGR).
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Segundo a PGR, o banqueiro André Esteves, dono do Banco BTG Factual, arcaria com os custos para não ter seu nome mencionado no acordo de colaboração ou para o ex-diretor desistir. "Ao menos parte desses recursos seria dissimulada na forma de honorários advocatícios a serem convencionados em contrato de prestação de serviços de advocacia entre André Esteves e/ou pessoa jurídica por ele controlada com o advogado Edson Ribeiro." Esteves está preso na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. 
Nestor Cerveró firmou acordo de colaboração premiada com o Ministério público Federal no dia 18 de novembro deste ano.