Apesar de imagens, secretário diz que PM não cometeu excessos contra estudantes
Já na web, internautas criticam a ação dos policiais e publicam vídeos acusando a corporação de truculência nas ruas
Por clarissa.sardenberg
São Paulo - O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse que a atuação da Polícia Militar (PM) para conter os estudantes que protestavam contra a reorganização escolar, nesta terça e quarta-feira, em algumas vias da capital foi legítima e não houve excesso das autoridades. Na manhã desta quarta, jovens foram duramente repreendidos pela PM na Avenida Doutor Arnaldo, na capital paulista. Usando um cacetete, um policial chegou a arrastar pelo pescoço um rapaz.
Moraes justificou as ações policiais que resultou na detenção de cinco manifestantes nesta quarta e quatro na tarde desta terça. Já na web, internautas criticam a ação da PM e publicaram vídeos acusando a corporação de truculência. Alguns até ironizaram e relacionaram a ação desta quarta com o cerco aos professores na Assembléia Legislativa paranaense (Alep), em Curitiba, em abril deste ano. "Primeiro professores e agora alunos", criticou um internauta. Saiba mais: PM reprime protesto de estudantes contra reorganização escolar em SP
“As manifestações aconteceram com 20 a 40 alunos que se negaram a realizar o que a Constituição determina que é a livre manifestação e passeatas, desde que haja comunicação prévia, exatamente para que o poder público possa garantir a segurança dos manifestantes e dos demais”. De acordo com Moraes, a secretaria tem as gravações das manifestações e das ações policiais, além da transmissão ao vivo de duas emissoras de televisão.
Segundo determinação do governo estadual, 93 unidades de ensino serão fechadas em todo o estado, o que vai afetar 311 mil estudantes. O objetivo é separar as escolas por ciclos, entre anos iniciais e finais do ensino fundamental e do médio, segundo o governo Alckimin.
“Quem assistiu hoje viu que a polícia agiu na legalidade. É essa a indicação. A polícia fica mais de uma hora negociando com os manifestantes para que eles desobstruam a via e se eles se negam não é possível que poucas pessoas atrapalhem milhões de pessoas que estão indo trabalhar, estudar, que chutem e batam cadeiras nos carros. Isso é baderna e crime”, disse.
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"Até quando a população de São Paulo suportará a truculência? São estudantes sendo massacrados sem qualquer disfarce à luz do dia!", questionou um internauta no Twitter.
Ao ser questionado sobre fotografias em que policiais aparecem apontando armas para os estudantes, o secretário respondeu que as fotos pegam um determinado momento dos acontecimentos e não todo o decorrer dos fatos. “Se nós constatarmos abuso de policiais, os abusos serão investigados e coibidos. A conduta da Polícia Militar, tanto ontem quanto hoje, foi dentro da legalidade. Não haverá nenhuma agressão gratuita. Se algum policial exagerar ele será punido”.
Sobre o caso da Escola Coronel Antônio Paiva de Sampaio (Osasco), depredada no último dia 30, o secretário disse que a perícia foi feita no mesmo dia e a autoria da destruição foi de uma das pessoas que ocuparam a unidade nos dias anteriores. Ele contestou a acusação de estudantes de que policiais estariam envolvidos na depredação para colocar a culpa nos ocupantes.
“Precisamos verificar se são estudantes ou pessoas infiltradas no movimento. Nós temos, em várias escolas, a presença do [Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo] Apeosp e de pessoas do [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto] MTST. Então eu não posso afirmar que foram estudantes. O que eu posso afirmar é que foram ocupantes das escolas que fizeram isso”.