Por paulo.gomes
Rio - Deflagrada em março de 2014, a Operação Lava Jato prendeu 116 políticos, donos de grandes empreiteiras, doleiros, empresários e ex-diretores da Petrobras envolvidos em negociatas com dinheiro público. Em um ano e nove meses, figuras importantes da República, como o empreiteiro Marcelo Odebrecht e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), foram enjauladas no desenrolar da maior operação de combate à corrupção no país.
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Ao todo, foram 35 denúncias contra 173 pessoas apresentadas pelo Ministério Público Federal ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Somadas, as penas aplicadas chegam a 680 anos, oito meses e 25 dias nas sentenças já proferidas por Moro. O juiz também absolveu 17 pessoas.

Mais de 60 políticos estão na mira da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sob a suspeita de participar do esquema de corrupção na Petrobras. O PP é o partido com o maior número de políticos investigados na Lava Jato: 31. Em seguida, vem o PMDB, com 17. Já o PT aparece com 13 suspeitos de participar do esquema da Petrobras. Solidariedade, PSB e PTB, juntos têm cinco parlamentares na lista de investigados da Lava Jato.

Investigados no Supremo Tribunal Federal (STF), a maioria dos casos envolvendo políticos ainda não resultou em punição. A apuração está sob sigilo no Supremo. Mas pelo menos dois políticos estão denunciados pela corte: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL).

Marcelo Odebrecht é um dos empresários importantes presos ao longo das investigações da Lava JatoEfe

Balanço apresentado pela força-tarefa da Lava Jato, em meados de dezembro, aponta a decretação de 116 mandados de prisão, das quais 61 são preventivas e 55 temporárias. Uma delas foi a do banqueiro André Esteves, solto na semana do Natal. Ele foi preso no mesmo dia que o senador Delcídio do Amaral, em 25 de novembro — o petista passou o Natal detido no quartel da Polícia Militar do Distrito Federal.

Ao longo de quase dois anos de investigações, foram expedidos 88 mandados de condução coercitiva, onde a pessoa é obrigada a ir prestar depoimento na Polícia Federal. Os agentes federais cumpriram ainda 360 mandados de buscas e apreensões. Foram feitos 35 acordos de delação premiada e quatro acordos de leniência (quando a colaboração é firmada por uma empresa). Os crimes denunciados envolvem R$ 6,4 bilhões em desvio da Petrobras e outras estatais. Desse total, a Justiça já conseguiu firmar acordos para recuperar R$ 1,8 bilhão.
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Em um ano, 61 condenados
Levantamento divulgado pela Justiça Federal do Paraná, em meados de dezembro, aponta que o juiz Sérgio Moro condenou 61 réus em processos no âmbito da Operação Lava Jato. Alguns deles foram condenados várias vezes.
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É o caso do campeão em condenações, o doleiro Alberto Youssef. Condenado em seis processos da Lava Jato, que somam 71 anos de prisão, Youssef teve parte das penas suspensas e até reduzidas por ter ter colaborado de forma decisiva com a Justiça. Ele está na cadeia em Curitiba e deve ficar ainda três anos preso em regime fechado. Depois, ele cumprirá dois anos de regime domiciliar.
Youssef desistiu de passar as festas de fim de ano com a família por considerar injustas e rigorosas demais as condições impostas a ele para usufruir do benefício de liberdade.
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Outro dos que encabeça o ranking de condenados é Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Ele foi condenado cinco vezes, a um total de 35 anos de prisão. Depois de fazer delação premiada, ele deve ficar somente mais três anos em regime de prisão domiciliar, cumprindo o restante em regime aberto.
Já o ex-diretor da Diretoria Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Júlio Gerin Camargo foram condenado duas vezes, cada. Cerveró e Camargo, por terem feito delação premiada, terão as penas reduzidas. Cerveró deixou a Superintendência da Polícia Federal do Paraná na última quarta-feira, dia 23, para passar o Natal e o Ano Novo com a família, no Rio de Janeiro. Ele deve ficar até o dia 2 de janeiro em casa, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica e por escolta policial.
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Políticos presos
JOSÉ DIRCEU, ex-ministro do PT - É apontado como um dos articuladores do ‘petrolão’;
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DELCÍDIO DO AMARAL, senador do PT - É acusado de tentar compra o silêncio de Nestor Cerveró;
PEDRO CORRÊA, ex-deputado do PP - Condenado por corrupção e lavagem de dinheiro;
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LUIZ ARGÔLO, ex-deputado do SD - É acusado de receber propina de fornecedores da Petrobras;
ANDRÉ VARGAS, ex-deputado do PT - Acusado de receber propina de contratos da Caixa;
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JOÃO VACCARI, ex-tesoureiro do PT - Foi condenado por associação criminosa por receber propina.
Empresários presos
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OTÁVIO AZEVEDO, da Andrade Gutierrez - Pagou propina em dez obras e contratos;
SALIM SCHAHIN, do Banco Schahin - Emprestou R$ 12 milhões para saldar dívida do PT;
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RICARDO PESSOA, dono da UTC - É apontado como chefe do cartel de empreiteiras;
AUGUSTO MENDONÇA, da Toyo Setal - Confirmou esquema do cartel de empreiteiras;
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JÚLIO CAMARGO, da Camargo Corrêa - Acusado de pagar propina para ganhar contratos.
Políticos denunciados
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EDUARDO CUNHA (PMDB-RJ), presidente da Câmara - Acusado de receber propina de contratos da Petrobras;
FERNANDO COLLOR, senador do PTB - Acusado de favorecer empresas em contratos com a BR Distribuidora.