Por rafael.souza
São Paulo - Na mesma delação premiada em que cita Aécio Neves como um dos destinatários do dinheiro de corrupção, funcionário do doleiro Alberto Youssef, peça-chave na Operação Lava Jato, afirma ter entregado propina também para o presidente do Senado, Renan Calheiros, e Randolfe Rodrigues.
Reportagem publicada ontem pela ‘Folha de S.Paulo’ destaca trecho de delação dada em julho pelo entregador Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará. Em depoimento, Rocha explicou que em 2008 passou a fazer entregas de R$ 150 mil ou R$300 mil a vários políticos. Confirmou ter feito em 2013 “umas quatro entregas” a um diretor da UTC chamado Miranda, no Rio. Uma, no valor de R$ 300 mil, seria para Aécio. “Ele não é da oposição?”, teria dito Rocha. O diretor da UTC teria respondido: “A gente dá dinheiro pra todo mundo: situação, oposição, todo mundo”.
Delator afirma que diretor de empresa levou R%24 300 mil a Aécio Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados

Entre janeiro e fevereiro de 2014, Youssef informou que teria de levar R$ 1 milhão de Recife a Maceió. O delator disse que entregou o dinheiro, em duas partes, para “um homem elegante” num hotel na capital alagoana. Rocha disse ter questionado Youssef sobre o destinatário do dinheiro, e o doleiro teria respondido: “O dinheiro é para Renan Calheiros”. Em relação ao senador Randolfe Rodrigues, Rocha disse que Youssef afirmou, em referência ao senador socialista: “Para esse aí já foram pagos R$ 200 mil.”

Todos negaram as acusações. Aécio afirmou que “a citação é falsa e absurda” e “não tem nenhuma comprovação”. “Trata-se de mais uma tentativa de confundir a opinião pública em um escândalo que pertence ao governo do PT”. Por meio de sua assessoria de imprensa, o senador Renan Calheiros negou as imputações e reitera “que não conhece a pessoa de nome Alberto Youssef”. Randolfe também diz desconhecer o doleiro e o delator e garante que a peça é “sem noção”. “É hilário, incabível. Esse valor de R$ 200 mil é maior que o orçamento da minha campanha.”