Por rafael.souza
Brasília - Delator da Operação Lava Jato, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou, em depoimento à Procuradoria Geral da República, que a venda da empresa petrolífera argentina Pérez Companc envolveu propina de US$ 100 milhões (cerca de R$ 400 milhões) ao governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003). As informações estão em um documento apreendido na casa do senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado, e divulgadas pelos jornais ‘O Estado de S. Paulo’ e ‘Valor Econômico’.
No depoimento à PGR, Cerveró disse que cada diretor da empresa argentina teria recebido US$ 1 milhão pela venda da empresa. Segundo o ex-diretor da Petrobras, Oscar Vicente, principal operador do ex-presidente argentino Carlos Menem, teria ficado com US$ 6 milhões.
Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi citado por Nestor Cerveró, em depoimento. FHC nega acusaçõesReprodução GloboNews

O documento é parte de um conjunto de anotações de Cerveró que orientaram sua delação premiada. A anotação não dá detalhes de quem recebeu a propina dentro do governo brasileiro. Em 2002, a petrolífera argentina vendeu 58,62% das ações para a Petrobras por US$ 1,027 bilhão.

Nas redes sociais, o ex-presidente Fernando Henrique negou as informações de Cerveró. “Não tenho a menor ideia da matéria. Na época o presidente da Petrobrás era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação político-partidária. Afirmações vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobras já falecido, sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”, escreveu FHC.

A delação de Cerveró foi homologada recentemente e segue em segredo de Justiça. Nela, Cerveró cita possíveis pagamentos de propina aos senadores Renan Calheiros (PMDB), Jader Barbalho (PMDB), além de Delcídio do Amaral.

Bumlai vai para hospital

Responsável pela Lava Jato, o juiz federal Sergio Moro autorizou a transferência do pecuarista José Carlos Bumlai, preso desde novembro, para o hospital Santa Cruz, em Curitiba. Ele será submetido a exames de urina e tomografia computadorizada. Segundo a defesa, Bumlai vem apresentando sangramento na urina desde antes de sua prisão e só não se submeteu a exames médicos porque foi detido. Os exames deverão ser realizados nesta terça-feira.