Por rafael.souza
Brasília - Ao lado de um Eduardo Cunha (PMDB-RJ) visivelmente constrangido, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu ferrenhamente a Operação Lava Jato e afirmou que o Ministério Público Federal não compactua com ilícitos, nessa segunda-feira. O discurso foi feito durante a solenidade de abertura dos trabalhos do Judiciário em 2016, realizado no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Ao Ministério Público brasileiro cumpre a persecução e a tutela de bens e direitos conferidos a cada um dos cidadãos", afirmou Janot enquanto era observado por Cunha, um dos alvos da operação que busca desmantelar esquemas de desvios praticados dentro da Petrobras. Presidente da Câmara, o deputado federal é acusado de receber milhões em propina relacionados a contratos de navios-sonda e de exploração de um campo de petróleo em Benim, na África. 

"Por natureza, não compactuamos com o ilícito, o autoritarismo, com o interesse velado. Buscamos, simples e só, de forma clara e objetiva, a verdade dos fatos e não de factoides", completou Janot – que já pediu publicamente para que o deputado fosse afastado de seu cargo. 

O procurador-geral da República (à esquerda) no evento ao lado de Cunha e Eduardo CardozoJosé Cruz / Agencia Brasil

O clima foi de constrangimento também pelo fato de Cunha (PMDB-RJ) ter sido colocado pelo cerimonial da Corte ao lado de Janot, para quem o deputado usa seu cargo para intimidar parlamentares e cometer crimes.

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Além disso, Janot deixou de mencionar o nome do presidente da Câmara ao enumerar as autoridades presentes no evento, entre as quais estavam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também investigado na Lava Jato, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Levantamento apresentado pelo procurador mostra que a Lava Jato já proferiu um total de 80 sentenças condenatórias, investigou 119 pessoas e recuperou R$ 2,8 milhões desviados da Petrobras. Para o procurador, o país entrou em uma nova fase com a operação, na qual os "holofotes não serão desligados e estarão constantemente direcionados à observância estrita do ordenamento jurídico".
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"Ao Ministério Público brasileiro cumpre a persecução e a tutela de bens e direitos conferidos a cada um dos cidadãos. Por natureza, não compactuamos com o ilícito, o autoritarismo, com o interesse velado. Buscamos, simples e só, de forma clara e objetiva, a verdade dos fatos e não de factoides" completou.