Por bianca.lobianco

Rio - Depois de chacoalhar a República com sua delação premiada aos investigadores da Lava Jato, o ex-líder do governo Delcídio do Amaral (PT-MS) enterrou definitivamente qualquer perspectiva de sobrevivência política no Senado. Se antes existia uma boa vontade de seus pares em preservar o mandato do petista, agora os senadores trabalham para dar agilidade à tramitação do processo de cassação de Delcídio, que está em marcha lenta no Conselho de Ética da Casa. A expectativa é que o processo seja sumário. 

A delação de Delcídio deverá ser homologada nos próximos dias pelo ministro Teori Zavascki, do SupremoMarcos Oliveira/Agência Senado

Senadores do PT, do PMDB e da oposição são categóricos ao antever que o ex-líder do governo está politicamente “morto e liquidado”. Um dos trechos da delação, que deverá ser homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), nos próximos dias, deixou os senadores particularmente irritados. Trata-se da parte que incluía uma cláusula de confidencialidade de seis meses para a divulgação da delação. Ou seja: Delcídio trabalhava com esse prazo para conseguir se safar e manter seu mandato de senador. Mas agora, com a delação vindo a público, o petista perdeu o apoio de seus antigos aliados.

EXPULSÃO

Paralelamente ao processo de cassação no Senado, a expulsão de Delcídio do PT também deverá ser acelerada. Ele está com a filiação suspensa desde dezembro, quando foi preso sob a acusação de obstrução à Justiça. Na semana passada, o PT decidiu prorrogar a suspensão do parlamentar até o próximo encontro da Executiva, que acontecerá em dois ou três meses. Sua expulsão é considerada “inevitável”.

Diante do cenário desfavorável, Delcídio, em regime de prisão domiciliar desde o último dia 19, pediu na sexta-feira passada a prorrogação de licença médica por mais 15 dias. Espera, daqui até lá, esfriar os ânimos até sua volta, programada para o fim do mês.

Filiado ao PT desde 2001, Delcídio do Amaral sempre foi visto com desconfiança dentro do partido. Para os petistas, ele “nunca deixou de ser um tucano no meio do PT”. Isso porque Delcídio foi diretor de Gás e Energia na Petrobras no governo de Fernando Henrique Cardoso e, em 2002, acabou eleito para o Senado a bordo da chamada ‘Onda Lula’.

Em 2005, ao presidir a CPI dos Correios, que desvendou o escândalo do mensalão, ele entrou em atrito com o PT. Cogitou se filiar ao PSDB, mas acabou ficando no partido. Por duas vezes, em 2006 e 2014, tentou se eleger governador de Mato Grosso do Sul, mas foi derrotado.

Místico, na eleição de 2014, a conselho de uma numeróloga, o senador resolveu incluir o ‘do’ entre seu nome e seu sobrenome. Foi lhe dito que teria mais sorte. De nada adiantou.

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