Por bferreira

Rio - Greves no serviço público sempre causam atritos, durante os quais os ânimos fatalmente se exaltam, reduzindo a razão a um fiapo. Está sendo assim com a paralisação dos professores. O imbróglio, tanto no município quanto no estado, encaminha-se para momentos dramáticos. Já se grita contra o corte do ponto, e agora surge a ameaça de demissão. Acrescente-se a isso a certeza das autoridades acerca da possibilidade de aumento, que seria de “quase zero”. Situação de tensão extrema que ruma veloz ao colapso.

Como se resolve? Com prudência, paciência e tolerância — dos dois lados. No que compete à autoridade, soa autoritária essa caça às bruxas radical, como se grevistas fossem bestas-feras que deglutem crianças em vez de ensiná-las. Vociferar com demissão em nada ajudará a amainar os humores. Ao contrário: atirará gasolina a uma fogueira já encorpada e acesa há uma semana.

Os professores, que na quarta-feira fizeram bela demonstração de cidadania numa passeata que transcorreu sem incidentes, se veem numa encruzilhada. Pedem e merecem vencimentos justos e lutam por condições dignas e plenas de trabalho. No entanto, quando cruzam os braços indefinidamente, prejudicam gente que pouco tem a fazer nessa crise: os alunos. Contas do governo do estado afirmam que os docentes acumulam cem dias de inatividade.

É hora, portanto, de buscar a concórdia. Estender a paralisação será péssimo para todo mundo: alunos, que perderão o ano; governo, que sairá desgastado; e professores, que não conseguirão o que querem e terão de correr quando a crise acabar.

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