Por bferreira

Rio - O primeiro dia da estratégia do governo de fazer leilões programados de dólar, negociando parte das reservas do Tesouro Nacional no mercado futuro para conter a variação da moeda norte-americana, foi bem sucedido. Ontem, o dólar recuou 2,37%, fechando a R$ 2,368. Foi a segunda queda seguida. Na véspera caíra 0,78%. Para manter o controle, o Banco Central (BC) fará leilões até o fim do ano.

A queda não impedirá, porém, que o Natal do carioca saia mais caro este ano. A elevação da moeda reflete imediatamente em duas categorias de consumo: supérfluos e itens de primeira necessidade. Num grupo, encontram-se produtos como os eletrônicos. Neste caso, o empresariado que já está estocando para o fim do ano fez a compra com a cotação em alta. Por isto, deve repassar a conta para o cliente.

Professor Marcello Bolzan%2C do Ideg%2C esteve em junho na Itália estudando a crise do Euro%3A “Câmbio deve ficar estável em novembro em função dos leilões”arquivo pessoal

Os comerciantes que esperam uma definição quanto ao dólar deverão renovar seus estoques mais próximos do Natal. Eles apostam que o BC impedirá a escalada da moeda, reduzindo a cotação com os leilões. Se as medidas derem resultado, estes empresários poderão vender com preços mais acessíveis, porém ainda com reflexo, mesmo que menor, da disparada do dólar.

PRIMEIRA NECESSIDADE

Com relação aos não supérfluos, o economista Marcello Bolzan explica que a oscilação provoca o encarecimento de alguns produtos de primeira necessidade. “Itens como o pão, em função do trigo que é importado, já estão mais caros”. Ele diz acreditar que até dezembro, a economia ficará estável em função dos leilões.

Um dos setores mais prejudicados, afirma, é o de turismo, por se tratar de bem cada vez mais essencial à classe média, embora altamente influenciado pela cotação. “Quem viajou parcelando no cartão de crédito, está pagando valores altos”, frisou. E esse grupo não é pequeno. Segundo dados divulgados ontem pelo BC, mesmo com a alta do dólar, os gastos de brasileiros no exterior bateram recorde em julho. As despesas somaram US$ 2,214 bilhões, contra US$ 2,010 bilhões em julho de 2012 e US$ 2,235 bilhões no mesmo mês de 2011.

“Passagens aéreas encareceram”

“As passagens aéreas também encareceram por conta do dólar. Para destinos internacionais, elas tiveram reajuste de 28%”, explicou Bolzan, que é professor de economia do Instituto de Desenvolvimento e Estudos de Governo (IDEG).

Ele esteve na europa em junho para pesquisar a crise do Euro. “A fuga de dólares do Brasil se dá, em partes, pela retomada das economias americana e européia”, diz, explicando que os investidores estão retornando ao continente de origem.

A elevação do dólar faz com que o empresariado cancele a compra de máquinas e quipamentos (bens de capital). Esta ação tem reflexo imediato no Produto Interno Bruto (PIB), pois, se a produção diminui, o país cresce menos.

Quando o BC promove um leilão de dólares, ele faz uma swap (permuta), ou operação de troca quanto ao risco e rentabilidade, entre investidores. O cambial é a troca de taxa de variação cambial (preço) por taxa de juros pós-fixados.

Para o economista, a população deve buscar alternativas para adquirir bens e serviços a preços mais baratos. “Enquanto uns setores são obrigados a reajustar preços, outros desenvolvem atrativos para captar esta parcela de consumidores.

É o caso das aéreas. Por conta da elevação dos preços, bem como dos pacotes de viagens, as viações começam a vislumbrar um possível aumento da demanda. “As viagens rodoviárias são, agora, a melhor alternativa”, aposta Henrique Rangel, da Embarcou.com.

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