Rio - Com um painel em retalhos que conta a história do morro Cristo Rei, em Porciúncula, Noroeste Fluminense, a artesã Eponina Sanches de Almeida, 53, foi a grande vencedora do primeiro Concurso de Bordados do Rio de Janeiro. Promovido pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedeis) do Rio, o evento teve o objetivo de tornar a atividade artesanal mais conhecida, criando oportunidades de negócios que gerem renda para a população fluminense.
“O concurso de bordados foi uma excelente oportunidade para os moradores do Rio conhecerem a riqueza do artesanato fluminense. Recebemos trabalhos de todo o estado, com características únicas, exclusivas, cheios de cor e história. O trabalho da Eponina é um belo retrato do nosso artesanato. Agora, o bordado do Rio tem uma cara”, avalia a subsecretária estadual de Comércio e Serviços da Sedeis, Dulce Ângela Procópio.
Mais de 100 peças de 32 municípios de todo estado participaram do concurso. Foram selecionados 30 trabalhos feitos à mão, confeccionados a partir de diferentes técnicas em peças como luminárias, almofadas, tapetes, colchas, roupas e acessórios.
Além da primeira colocada que receberá um prêmio de R$ 5 mil; o segundo lugar ficou com a artesã Rita de Cássia dos Santos, 52, de Campos dos Goytacazes (R$ 3 mil) e a terceira posição foi para Doralice Firme, 60, da Cidade do Rio (R$ 2 mil).
Incentivo fiscal ajuda a artesãos a vender peças
Para desenvolver ainda mais a atividade no estado, as secretarias estaduais de Desenvolvimento Econômico (Sedeis) e de Fazenda (Sefaz) publicaram a Resolução Conjunta 59, que prevê a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o artesão que vender suas peças diretamente ao consumidor final.
Para usufruir do benefício, o profissional deve estar credenciado no Programa de Artesanato do Rio, que conta hoje com 5.156 artesãos participantes. Cooperativas e associações também recebem o abatimento no imposto.
Com o registro no programa, o artesão é convidado a participar de oficinas e cursos, além de feiras e eventos do segmento. “Uma das preocupações do Programa de Artesanato é o desenvolvimento com responsabilidade social. São estimuladas a valorização do aproveitamento de matérias-primas locais e, principalmente, a utilização de produtos reciclados. O incentivo a tipos de artesanato de acordo com vocações regionais também contribui para preservação das culturas locais”, acrescenta Dulce Ângela Procópio.
Para desenvolver o programa, a Sedeis tem como parceiras diversas entidades, como associações e grupos de artesãos, além de instituições da área de comércio e serviços, prefeituras e governo federal. Hoje, no país, conforme dados do IBGE, há 8,5 milhões de profissionais que trabalham com artesanato, movimentando cerca de R$ 30 bilhões por ano, o que corresponde a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
“Foi uma honra ter conquistado o primeiro lugar no concurso de bordados e colocar o artesanato de Porciúncula em evidência”, comemorou a artesã e bordadeira Eponina Sanches de Almeida, 53 anos. Ela contou que borda desde os nove anos. Hoje, a profissional comanda um grupo de mais de 300 pessoas em todo o Noroeste do estado. “Para muitos, o bordado serve como um complemento a fonte de renda das famílias”, explica a líder social criativa da região.
Artesanato fluminense apresenta diversidade
Coordenadora de Economia Criativa do Sebrae-RJ, Heliana Marinho diz que o artesanato fluminense tem uma importância muito grande e gera muita renda e promoção para os profissionais que atuam no setor. Conforme a especialista, na exposição Brasil Original, organizada pela entidade em junho passado, no Shopping Rio Sul, com produtos de todo o país, os artesãos fluminenses venderam R$ 50 mil.
“O artesanato do Rio de Janeiro é muito contemporâneo, com grande comercialização. As peças atendem a várias tendências e têm um design próprio”, explica Heliana.
Conforme a especialista do Sebrae-RJ, há produtos típicos como a fibra de taboa, de São Francisco de Itabapoana e Três Rios; os bordados das regiões Noroeste e do Vale do Café; e a cerâmica da Região Serrana. Heliana destaca ainda a necessidade de o artesão se formalizar cada vez mais e buscar novos canais de vendas para o produto.