Rio - Sete em cada dez jovens saem do emprego logo no primeiro ano de contrato. A constatação faz parte de estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado ontem. O levantamento traça um panorama do mercado de trabalho de janeiro a julho deste ano.
Segundo o Ipea, os jovens perdem o emprego mais frequentemente do que os mais velhos. É de 72,4% a taxa de separação (razão entre o número de empregados que saem de seus postos de trabalho por demissão voluntária ou involuntária em relação ao estoque de funcionários).
Ou seja, sete em cada dez pessoas, em média, desligam-se de seus postos de trabalho ao longo de um ano. A taxa de separação dos trabalhadores mais velhos oscila em torno de 40%.
O estudo informa que o jovem costuma entrar pela “porta errada” no mercado de trabalho: a dos contratos mais instáveis. A nota técnica sobre rotatividade do Ipea conclui que essa dificuldade geralmente está relacionada ao grande fluxo de saída de empregos. Esse movimento pode ser o sinal de curtos períodos de trabalhos, os quais geralmente estão associados à pouca qualidade dos postos de serviços ou a baixos níveis de formação dos trabalhadores.
Motivação
A técnica em Segurança do Trabalho, Érica Cristina de Souza, de 25 anos, se encaixa no perfil dos jovens que trocaram várias vezes de emprego. Em um período aproximado de dois anos ela já está em seu quarto trabalho.
Ela diz que a motivação de querer sair está na busca de experiência e de novos conhecimentos na carreira.
“Quando conheço todo o processo da empresa no que se refere à segurança do trabalho penso em buscar novo desafio”, conta Érica, que atualmente está empregada em uma universidade da Zona Sul do Rio.
O estudo do Ipea aborda ainda o tempo que os jovens ficam desempregados. Após 60 meses, as chances de quem está em busca de uma primeira vaga de ainda estar desempregado é de 34%. Para os que já trabalharam anteriormente, essa probabilidade cai para 17%.
“O mercado informal acaba sendo um aliado para quem não tem experiência. Mesmo vindo da informalidade as empresas aceitam como bagagem”, diz Maurício Reis, pesquisador do Ipea .
Parte do time
Marcia Ricardi, supervisora de Recursos Humanos e especialista em Gestão de Pessoas, explica que para manter o jovem é fundamental que os gestores inovem no relacionamento, com benefícios flexíveis e tornem a cultura organizacional mais atraente e menos formal para eles. “Conquistar a confiança desses jovens e engajá-los na cultura das empresas, ou seja. Fazê-los se sentir ‘parte fundamental do time’ é importante, pois esta geração tende a priorizar o crescimento pessoal acima das necessidades organizacionais”, comenta a especialista.
Pesquisa interna
Lúcia Gullo, gerente de RH da Lafem Engenharia, diz que a empresa faz pesquisas internas de satisfação para saber os anseios dos jovens. “Às vezes, a insatisfação dos mais novos é algo simples de se resolver. Estamos sempre abertos a propostas ”, diz.
Integração
Lúcia Gullo lembra também a importância de integração com os funcionários mais antigos. “Os jovens de hoje são impetuosos e muitas vezes contestam seus superiores sem medo quando estão convictos de suas ideias. Por isso a importância de ações de integração”, orienta Lúcia.
Capacitação
Gisele de Freitas, especialista de RH da Dimona Silk e Malhas, conta que oferecer cursos contribui para reter os jovens. “A empresa incentiva a atualização constante de seus funcionários por meio de cursos de capacitação. Procuramos integrá-los dos projetos internos”, afirma.