Por julia.amin

São Paulo - O grupo francês Casino, controlador do Grupo Pão de Açúcar, e o empresário Abilio Diniz, colocaram um fim nesta sexta-feira a uma das disputas mais quentes do ambiente empresarial brasileiro dos últimos anos. Abilio anunciou que deixa a presidência do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar. O acordo prevê a troca de ações. Apesar de se desligar do conselho, o empresário continua como acionista a companhia. Depois do acordo, ele passa a ter 9% do total das ações ordinárias (ON, com direito a voto em assembleias gerais) do Pao de Açúcar.

Cada ação ordinária foi trocada por uma preferencial (PN) e, com isso, Abilio perde os direitos sobre a companhia. “O Pão de Açúcar é uma tremenda empresa e um bom investimento. Não tenho nenhum plano de vender as ações”, afirmou em encontro com a imprensa, em São Paulo.

Jean-Charles Naouri e Abilio Diniz Divulgação


“Em meados de 2011, vi que não tinha condição de continuar como sócio”, disse Abilio. “Trabalhei vida toda no mesmo lugar e desprender não foi fácil.”

O presidente do grupo francês Jean-Charles Naouri, que dividiu os holofotes do imbróglio entre Grupo Pão de Açúcar e Casino, afirmou por meio de nota que o acordo assinado é bom “especialmente para o Grupo Pão de Açúcar”. “Nos dedicaremos totalmente ao desenvolvimento e crescimento do Grupo Pão de Açúcar em benefício de nossos clientes, colaboradores, acionistas e, em especial, de toda sociedade brasileira”, afirmou o executivo francês.

Conflito de interesse

Com o acordo, ficam encerrados os procedimentos arbitrais e quaisquer litígios entre as partes. O Casino já havia solicitado a saída do executivo do Grupo Pão de Açúcar em pelo menos três ocasiões. No meio das negociações nada amistosas, Abilio chegou a afirmar publicamente que descartava sua saída do comando da empresa – mesmo após subir à liderança da BRF. Diante das consecutivas negativas, em maio deste ano, a varejista francesa fez uma petição de arbitragem contra o executivo. O Casino acusava Diniz de criar um conflito de interesses, uma vez que a BRF é uma das principais fornecedoras do Grupo Pão de Açúcar.

Ao deixar a empresa fundada pelo pai, Valentim dos Santos Diniz, Abilio passa a se dedicar exclusivamente ao conselho de administração da BRF, onde está desde abril após a saída de Nildemar Secches.

Em agosto, Claudio Galeazzi, ex-braço direito do executivo na rede varejista, foi alçado à presidência da BRF. “Não tiraria mais gente do Pão de Açúcar. Já tenho quatro [executivos] na BRF”, afirmou Abilio.

Mercados

As ações preferenciais do Pão de Açúcar encerraram o pregão desta sexta-feira com alta de 0,63%, acompanhando o resultado positivo do Ibovespa, que subiu 2,67%. Os papéis da companhia fecharam o dia com valor unitário de R$ 98,62.

Desde setembro de 2012, as ações do grupo tiveram valorização de 12%, com seu pico máximo em 20 de maio deste ano, quando os papéis chegaram a valer R$ 114,70. A disparada começou em fevereiro, e chegou a subir 29% nos primeiros quatro meses de 2013. Esse período atravessou os primeiros rumores até a confirmação da eleição de Abilio na presidência do conselho de administração da BRF.

Os papéis do Pão de Açúcar chegaram ao seu menor nível após o ápice do ano, em 24 de junho, com uma queda de quase 19% em pouco mais de um mês.

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