Brasília - A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos informou que ainda está verificando o alcance da greve decretada na noite desta quinta-feira pelos funcionários. De acordo com a empresa, pelo menos seis dos 35 sindicatos da categoria estão em greve. Eles estão localizados em cinco estados: Rondônia, São Paulo, Rio de Janeiro Tocantins e Rio Grande do Sul.
Segundo os Correios, não há condições de atender às reivindicações da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresa de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). A estatal argumenta que elas causariam impacto de R$ 31,4 bilhões sobre a folha, equivalente a "mais que o dobro da previsão de receita para 2013". Ainda de acordo com a estatal, 65% das receitas de vendas são destinados ao pagamento de salários, benefícios e encargos.
Em nota divulgada ontem, os Correios também informaram que, para manter a continuidade dos serviços de entrega de cartas e encomendas, já adotou medidas como deslocamento de funcionários, pagamento de horas extras, contratação temporária de servidores e mutirões para entregas nos fins de semana.
A Fentect, entidade que agrega 29 dos 35 sindicatos que representam trabalhadores da estatal, reivindica 7,13% de aumento devido à defasagem salarial causada pela inflação recente, mais 15% de aumento real e R$ 200 de aumento linear para todos os 123 mil servidores. Além disso, pede 20% de aumento pelas perdas salariais ocorridas desde o Plano Real.
Diretor da Fentect, James Magalhães disse à Agência Brasil “estranhar” as estimativas apresentadas pelos Correios. Ele criticou também a falta de “propostas concretas” em resposta às 93 cláusulas que integram a pauta de reivindicações.
Os Correios acenaram com reajuste de 5,27% sobre os salários e benefícios, o que, incluindo a progressão anual, ultrapassaria os índices de inflação do período. “Essa proposta feita pela empresa não será aceita”, garantiu o diretor da Fentect.
De acordo com a Fentect, a empresa teve em 2012 lucro superior a R$ 1 bilhão. "Segundo documentos repassados pela própria empresa, há R$ 7 bilhões em caixa. O que não queremos é que a empresa atue como tem atuado, no mercado financeiro, ou que avance na intenção de comprar a estatal de correios portuguesa, em vez de investir em trabalhadores e maquinário aqui no Brasil”, disse Magalhães.
Outro ponto que tem gerado preocupação aos trabalhadores é o sucateamento do Correios Saúde, plano que atualmente é administrado pelo Recursos Humanos da empresa. “Desde 2009, eles vêm sucateando o plano. Fecharam vários ambulatórios dentro dos Correios. Agora querem repassá-lo à iniciativa privada, sob o nome de Postal Saúde, prejudicando também esse direito dos trabalhadores”.