Rio - Os interessados em comprar imóvel no Rio de Janeiro com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a juros menores vão poder financiar unidades de até R$ 750 mil. O Conselho Monetário Nacional (CMN) elevou ontem os valores máximos das unidades que serão adquiridas por meio do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).
A medida entra em vigor hoje e só vale para novos financiamentos. Além do Rio de Janeiro, o limite foi elevado de R$ 500 mil para R$ 750 mil para os estados de São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. Nas demais unidades da federação, o valor dos imóveis que podem ser financiados com recursos do FGTS dentro do SFH subiu de R$500 mil para R$ 650 mil. O teto não era alterado desde abril de 2009.
REIVINDICAÇÃO DO MERCADO
Chefe-adjunto de Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), Júlio César Carneiro afirmou que o limite foi elevado para corrigir a inflação acumulada nos últimos quatro anos, que variava de 22% a 29% dependendo do índice. O Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) acumula alta de 36,43%.
Além disso, ressaltou o técnico do BC, as empresas de construção civil e as próprias instituições financeiras pediam o reajuste do limite há pelo menos dois anos. “Os bancos reclamavam que o valor estava baixo demais para financiar unidades habitacionais apenas com recursos da poupança”, explicou.
Maior oferta de unidades mais caras
Vice-presidente do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio), Leonardo Schneider disse que o mercado imobiliário no Rio está valorizado e que o crédito maior vai atender à demanda.
“É uma medida positiva para o segmento, pois o poder de compra estava restringido pelo limite de R$ 500 mil”, afirmou Schneider.
Presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi Rio), João Paulo Rio Tinto de Mattos assegurou que agora será possível ampliar a base de oferta de unidades aos mutuários. “São poucos os bairros do Rio com oferta abaixo dos R$ 500 mil. Vamos aumentar a demanda e a construção de mais imóveis”, explicou Mattos.
Alteração vai permitir financiar um imóvel maior
Com o novo limite de R$750 mil, o mutuário pode financiar imóvel maior ou num bairro, que até então estava fora de suas possibilidades. Conforme a tabela do Sindicato de Habitação do Rio (Secovi Rio) de setembro, o preço médio de imóvel com três quartos na Tijuca sai por R$ 717 mil.
Em Jacarepaguá, área com maior número de lançamentos, é possível encontrar um quatro quartos a R$682 mil.
Já na Zona Sul do Rio, o valor médio de um dois quartos em Botafogo, por exemplo, sai por R$ 911 mil.
Na Barra, imóvel de um quarto está avaliado em R$712 mil.
Júlio César Carneiro, do BC, disse que atualmente as taxas de juros de mercado para imóveis acima de R$500 mil estão em cerca de 10% ao ano: “No SFH, o financiamento fica entre 8% e 9% ao ano”.
Pelas novas regras, o valor do financiamento não pode ser superior a 80% do valor de avaliação do imóvel. Para financiamentos que tenham previsão do Sistema de Amortização Constante (SAC), fica limitado a 90% do valor.
Conforme o índice Fipe, o Rio tinha o metro quadrado mais valorizado do país: R$9.534 em setembro. A média nacional é de R$6.979. O Leblon possui maior custo, R$ 22.208; a Pavuna, o menor: R$2.034.