Por bferreira

Rio - A novela envolvendo a petroleira OGX, do empresário Eike Batista, e o mercado de capitais ainda terá novos capítulos. Isto porque o conglomerado confirmou o calote de US$ 45 milhões (R$99,9 milhões), destinados ao pagamento dos juros referentes a notas emitidas no exterior. Os recursos seriam usados para remunerar investidores.

Eike BatistaReuters

O Grupo EBX ainda pode efetuar o pagamento até o dia 1º de novembro sem que tenha que arcar com multa. Apesar das adversidades, as ações da petroleira na Bolsa subiram ontem 14,2%. O Ibovespa teve alta de 1,61%.

O mercado estima agora que a companhia vai usar o período de carência de 30 dias para concluir as negociações de reestruturação da dívida. Se não chegar a uma solução neste prazo, a empresa pode ter que pedir recuperação judicial. A própria OGX afirma estar em processo de “revisão da estrutura de capital e do plano de negócios”.

DINHEIRO EM CAIXA

A petroleira tinha ontem R$141 milhões em caixa, o suficiente para quitar a dívida, mas optou pelo não pagamento, se apoiando no prazo de carência, previsto em contrato. Os gestores acreditam que a quantia será mais útil se empregada em outras áreas.

O calote diz respeito apenas à remuneração dos juros. A dívida bruta é de US$ 3,6 bilhões, cujo primeiro pagamento será em 2018 (US$ 2,5 bilhões), e o segundo em 2022 (US$ 1,1 bilhão).

MERCADO CONTAMINADO

PREJUDICIAL

Economista do Instituto de Desenvolvimento e Estudos de Governo (Ideg), Marcello Bolzan afirma que o calote é prejudicial porque contamina o mercado e mancha a imagem do país no exterior.

RISCO 

Bolzan frisou que o mercado de capitais se caracteriza pelo alto risco, e parte da culpa da derrocada da OGX pode ser atribuída ao exagero com que as informações eram repassadas.

VILÃO?
Para Bolzan, Eike não é o principal responsável. Isso porque o Grupo EBX é muito maior que o empresário e envolve vários executivos.

AS VENDAS

Em junho, Eike tentou vender o iate Pink Fleet, mas não encontrou comprador. O barco está sendo desmontado. Também em junho vendeu o Hotel Glória por R$ 225 milhões para o grupo suíço Acron. No mesmo mês, colocou à venda a IMX, empresa que detém metade do Rock in Rio, 5% do Maracanã e da franquia do Cirque de Soleil no Brasil. Em maio se desfez do jato Legacy 600, por US$ 14 milhões. Em abril, vendeu 20% do capital da SIX Automação. Em março vendeu 24,5% da MPX Energia. Em agosto, vendeu 5,38% de seu capital da naval OSX. A participação corresponde a 16,8 milhões de papéis. Já em setembro, o empresário confirmou que estava negociando a participação na MMX Mineração e do Porto Sudeste.

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