Rio - Faltam oito meses para a Copa do Mundo no país e três anos para a Olimpíada 2016, mas o reflexo destes mega eventos já são visíveis em vários setores da economia. No segmento de bares e restaurantes, a expectativa é que nos próximos três anos, 80 mil postos de trabalho sejam abertos no município do Rio. Atualmente são 130 mil garçons com carteira assinada no estado. A possibilidade de emprego e renda tem atraído trabalhadores de diversas partes do país.
O cearense Valter de Souza, 29 anos, chegou ao Rio em 2006. Natural de Reriutaba, migrou em busca de trabalho. Atualmente ele é garçom do Restaurante Gargalo, na Lapa, e diz estar satisfeito com a atividade. “Era cantor de forró e também procurei vagas para garçom na minha terra, mas o salário e as comissões por lá são baixas. Parte dos meus amigos do Ceará hoje está aqui, trabalhando na mesma atividade”, disse.
Souza afirmou que pretende trazer parentes para trabalhar em bares e restaurantes com a expansão do setor. “É uma profissão que emprega bastante. Se essas vagas forem criadas até 2016, vai ser bom para indicar pessoas”, frisou, acrescentando que com os eventos, a remuneração deve melhorar consideravelmente.
GARÇOM CARIOCA
De olho neste mercado, a Organização Não Governamental (ONG) A Casa colocará em atividade, no início de 2014, o projeto Garçom Carioca. A iniciativa é profissionalizar 100 novos garçons no período de seis meses, sendo jovens que até então não tinham acesso à atividade por falta de treinamento, além de qualificar outros 250 que já estão empregados.
Diretora da ONG, Clarisse Troisgros explicou que o curso será voltado a jovens das favelas. Por meio de parceria com restaurantes, os formados serão absorvidos pelo mercado. “Também promoveremos ações nos estabelecimentos para estimular a clientela”, disse.
Rendimentos ultrapassam R$ 1.700
O rendimento de um garçom pode variar de R$1.700 a R$ 3.500 já somados piso e gorjetas, segundo dados do Sindicato dos Garçons, Barmen e Maitres do Estado do Rio (Sigabam). A rotatividade do setor gira em torno de 47%, ou seja, de cada cem trabalhadores, 47 pedem desligamento do estabelecimento ou abandonam a carreira a cada ano.
Presidente do Sigabam, Antonio dos Anjos, 47, ressaltou que a falta de um segundo idioma e o domínio em informática são os principais impedimentos à carreira.
Gerente do Restaurante Gargalo, Antônio Castro, 49, informou que o estabelecimento pretende bancar curso de idioma aos funcionários a partir de novembro.
A participação dos trabalhadores com mais anos de estudo no total de desempregados aumentou nos últimos 20 anos. Já a parcela dos menos qualificados (nível fundamental incompleto) caiu, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
“Em 2012, mais de 50% dos desempregados tinha 11 anos de escolaridade ou mais. A análise aponta que a parcela de trabalhadores mais qualificados entre os desempregados cresce ano a ano”, informa o estudo.