Rio - A partir de 2014, trabalhadores brasileiros vão poder usar até 30% do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para aplicar em um Fundo de Investimentos em Cotas (FIC), atrelado ao FI-FGTS (Fundo de Investimentos do FGTS, destinado à financiar obras de infraestrutura urbana). A opção será colocada no mercado pela Caixa Econômica Federal. A rentabilidade ainda está em fase de análise, mas a ideia é que seja anual e maior do que o do FGTS, que é corrigido por 3% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR).
Pelas regras, um trabalhador com R$ 10 mil de saldo no FGTS poderá investir até R$ 3 mil. Trata-se da quantia ideal para quem quer iniciar no mercado financeiro, segundo analistas. Porém, como a Caixa é um banco com perfil voltado ao trabalhador, estima-se que as cotas serão a partir de valores mais baixos.
O potencial do setor é altamente atrativo, por conta de 117 milhões de contas cadastradas no FGTS. O economista Fábio Medeiros, 34 anos, aprova a iniciativa, mas com ressalvas.
“É importante saber se as empresas que vão receber esse repasse são economicamente fortes. Se as organizações envolvidas forem boas pagadoras de dividendos, como foi há alguns anos com a compra de ações da Vale e da Petrobras. Assim, com certeza aplicaria parte do meu saldo”, disse.
Funcionária da Google, Lívia Franciss, 31, afirma que mais do que a rentabilidade, deve-se levar em consideração o risco. “Se você pode ter um lucro maior, mas ao mesmo tempo também pode perder tudo, é melhor pensar com cautela”, afirmou.
Sabe-se, porém, que os recursos destinados do fundo de cotas serão limitados a R$2 bilhões, conforme informações que a Caixa repassou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Por ser instituição de capital misto, cujo maior acionista é o governo, este montante será direcionado a obras de infraestrutura como duplicação de rodovias, que remunera por meio da concessão de pedágios, e melhorias em portos e aeroportos, que repassam taxas alfandegárias e outros impostos.
Vale e Petrobras são as que mais distribuem dividendos
O saldo do FGTS é remunerado em 3% ao ano e pela correção da TR ao ano. Levantamento da consultoria Economatica informa que em 2012, as empresas que mais distribuíram dividendos e juros sobre capital próprio foram a Vale (com R$ 11,6 bilhões) e a Petrobras (com R$ 6,2 bilhões), ambas já abriram possibilidade de o trabalhador investir nelas parte do saldo do FGTS. Porém, as duas companhias distribuíram menos dividendos do que haviam repassado em 2011. O montante da mineradora em 2012, por exemplo, foi 22,7% menor, e da petroleira, 41,9% inferior ao ano anterior.
A lista aponta, pela ordem, outras com o maior volume de benefícios distribuídos: Itaú (com R$ 5,6 bi); Ambev (R$ 5,4 bi); Banco do Brasil (R$ 5,4 bi); Eletrobras (R$ 5 bi); Bradesco (R$ 3,8 bi); Telefônica Brasil (R$ 3,5 bi); Santander (R$ 2,5 bi); e Cemig (R$ 1,7 bi).O setor bancário, segundo a consultoria, é o que melhor remunera.
Proposta final até dezembro
Superintendente Nacional de Fundos de Investimentos Especiais da Caixa, Cassio Viana de Jesus diz que o trabalhador fará a opção de investir parte do saldo em conta vinculada ao FGTS e receberá a rentabilidade com base em regras pré-estabelecidas.
“O retorno será direcionado à carteira do FGTS ou transferido para os Fundos Mútuos de Privatização (FMP) Carteira Livre”, frisou.
Em junho último, o patrimônio líquido do FI-FGTS era de R$ 27 bilhões. Criado em 2007 e gerido pela Caixa, o fundo tem aporte significativo em empresas de capital fechado.