Rio - O jovem tem três vezes mais riscos de ficar desempregado no país do que um adulto. A constatação é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que divulgou ontem relatório com dados preocupantes sobre o mercado de trabalho para a juventude brasileira.
O estudo, com base em dados do Ministério do Trabalho e Renda, diz que, em 2012, um quarto das pessoas com idade para trabalhar no Brasil tinha entre 15 e 24 anos. E, entre os desempregados, 46% eram jovens. A principal recomendação da OCDE para reduzir o índice de desemprego entre esse público é aumentar o investimento em Educação. Também informa que deve haver medidas para estimular a contratação dos mais novos, o que pode ser feito via redução de custos.
Especialista de RH e Gestão de Pessoas do Ibmec, Janaina Ferreira diz que há grande oferta de vagas no mercado de trabalho que não são preenchidas por falta de mão de obra qualificada. Ela avalia que para aumentar a capacitação do trabalhador o governo federal precisa investir mais em Educação de forma eficaz. “Há necessidade de programas centrados na melhoria da qualidade do ensino básico e na formação de técnicos ”, explica.
A especialista diz que deveria haver redução de custos dos empregadores na contratação de jovens. “Assim, as empresas teriam estímulos para assumir a preparação e treinamento para o mercado de trabalho. O governo poderia ainda criar um salário mínimo específico para jovens ou redução de encargos”, explica.
Brasil investe menos que outros países
O relatório ressalta que o Brasil tem elevado os investimentos em Educação nos últimos anos, mas o nível permanece abaixo de outros países da OCDE como Argentina, Chile e México, que investem mais que a média. Em 2010, o Brasil investiu 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em Educação, abaixo da média de 6,3% dos países da organização.
Estudante de Administração, Renato Pugliese, 22 anos, diz que há pouco incentivo de estágio e ingresso do jovem no mercado de trabalho. “Há poucas vagas de estágio que paguem bolsa. Na maioria, o jovem se torna espécie de voluntário da empresa”, reclama.