O sujeito está na rua quando recebe por e-mail uma proposta que o obriga pegar a Ponte Aérea no mesmo dia. Já no táxi, ele pega o smartphone e busca o aplicativo da companhia aérea. O download é pesado e requer uma conexão wi-fi. Com uma ponta de irritação, ele desiste do app e resolve fazer a reserva pelo site, mas a página fica pequena demais. Cansado de dar zoom a cada tela, ele recorre ao tablet. Digita o endereço no navegador, primeira tela, segunda tela, terceira tela, e eis que surge um cadastro enorme. Decepção. Enquanto isso, um universitário recebe um e-mail de uma livraria online oferecendo um livro que o interessa a preço mais baixo. Ele abre o e-mail, acessa o link e, em vez de encontrar o livro, volta para a página inicial da loja. Sem paciência para procurar o link da promoção, ele deixa para comprar o livro quando chegar em casa, plano que em minutos cai no esquecimento.
Essas situações são fictícias, mas verossímeis. Sites pensados apenas para desktops e notebooks são cada vez mais acessados por aparelhos móveis (smartphones e tablets), mas acabam revelando menos eficientes e falhos, prejudicando as vendas. "As 21 lojas que concentram 80% do faturamento do comércio eletrônico no Brasil têm problemas sérios", avalia Leandro Ginane, 34 anos, fundador do Device Lab, primeiro
laboratório especializado em testes de sites para mobile.
O DeviceLab foi criado foi criado em 2012, quando Ginane, que já trabalhara com usabilidade para os bancos Santander, Fibra e Bradesco, percebeu que os gestores não estavam preocupados o suficiente com a usabilidade em dispositivos móveis.
Segundo Ginane, o mercado mobile brasileiro é dominado Android instalado em smartphones básicos e com conexão lenta. Apesar disso, a taxa de conversão no Android é menor, o que sugere que o grande número de versões do sistema operacional no mercado criam uma dificuldade adicional para os desenvolvedores de sites.
O problema exige atenção de quem usa a Internet para negócios. Segundo o IBGE, em fevereiro deste ano, o número de celulares com a acesso à rede chegou a 38,9 milhões. A consultoria IDC estima que 7,2 milhões de tablets, sejam vendidos até o final do ano. Em agosto, foram vendidos mais tablets do que notebooks: 627 mil contra 597 mil.
A solução está no chamado “design responsivo”, uma combinação de tecnologias de programação e design que permite que ao site reconhecer aparelho, sistema operacional e navegador que o acessa, e assim adaptar o layout para a melhor navegação.
Atualmente com dez clientes de médio porte, o DeviceLab, que conta com 12 profissionais divididos entre Rio de Janeiro e São Paulo, e estrutura para testar mais de 140 ambientes diferentes. Ao final da bateira de testes, que podem durar 3 meses, o cliente recebe um relatório com diagnósticos e recomendações, além de uma planilha de erros, todos comprovados por vídeos. “O objetivo é proporcionar a melhor experiência ao usuário e aumentar a taxa de conversão, ou seja, a conclusão da compra”, explica.