Por marlos.mendes

O sujeito está na rua quando recebe por e-mail uma proposta que o obriga pegar a Ponte Aérea no mesmo dia. Já no táxi, ele pega o smartphone e busca o aplicativo da companhia aérea. O download é pesado e requer uma conexão wi-fi. Com uma ponta de irritação, ele desiste do app e resolve fazer a reserva pelo site, mas a página fica pequena demais. Cansado de dar zoom a cada tela, ele recorre ao tablet. Digita o endereço no navegador, primeira tela, segunda tela, terceira tela, e eis que surge um cadastro enorme. Decepção. Enquanto isso, um universitário recebe um e-mail de uma livraria online oferecendo um livro que o interessa a preço mais baixo. Ele abre o e-mail, acessa o link e, em vez de encontrar o livro, volta para a página inicial da loja. Sem paciência para procurar o link da promoção, ele deixa para comprar o livro quando chegar em casa, plano que em minutos cai no esquecimento.

Essas situações são fictícias, mas verossímeis. Sites pensados apenas para desktops e notebooks são cada vez mais acessados por aparelhos móveis (smartphones e tablets), mas acabam revelando menos eficientes e falhos, prejudicando as vendas. "As 21 lojas que concentram 80% do faturamento do comércio eletrônico no Brasil têm problemas sérios", avalia Leandro Ginane, 34 anos, fundador do Device Lab, primeiro
laboratório especializado em testes de sites para mobile.

Leandro Ginane, criador do DeviceLab, acredita que 2014 será o ano da mobilidade no BrasilDivulgação

O DeviceLab foi criado foi criado em 2012, quando Ginane, que já trabalhara com usabilidade para os bancos Santander, Fibra e Bradesco, percebeu que os gestores não estavam preocupados o suficiente com a usabilidade em dispositivos móveis. 

Segundo Ginane, o mercado mobile brasileiro é dominado Android instalado em smartphones básicos e com conexão lenta. Apesar disso, a taxa de conversão no Android é menor, o que sugere que o grande número de versões do sistema operacional no mercado criam uma dificuldade adicional para os desenvolvedores de sites.

O problema exige atenção de quem usa a Internet para negócios. Segundo o IBGE, em fevereiro deste ano, o número de celulares com a acesso à rede chegou a 38,9 milhões. A consultoria IDC estima que 7,2 milhões de tablets, sejam vendidos até o final do ano. Em agosto, foram vendidos mais tablets do que notebooks: 627 mil contra 597 mil.

A solução está no chamado “design responsivo”, uma combinação de tecnologias de programação e design que permite que ao site reconhecer aparelho, sistema operacional e navegador que o acessa, e assim adaptar o layout para a melhor navegação.

Atualmente com dez clientes de médio porte, o DeviceLab, que conta com 12 profissionais divididos entre Rio de Janeiro e São Paulo, e estrutura para testar mais de 140 ambientes diferentes. Ao final da bateira de testes, que podem durar 3 meses, o cliente recebe um relatório com diagnósticos e recomendações, além de uma planilha de erros, todos comprovados por vídeos. “O objetivo é proporcionar a melhor experiência ao usuário e aumentar a taxa de conversão, ou seja, a conclusão da compra”, explica.

Você pode gostar