Por thiago.antunes

Rio - Místico e, até por vezes, exótico, o empresário Eike Batista, 56 anos, estendeu o inferno astral que está passando, como afirmara em setembro a um jornal norte-americano. Na época, ele chegou a citar que o mapa dos astros não lhe era favorável, mas que a situação iria melhorar. O agora apenas milionário — que adotou a letra ‘X’ nos empreendimentos como símbolo de multiplicação — dá origem a um novo neologismo: ‘Eikiller’, ou seja, o empresário que assassina empresas. Porém, com o pedido de recuperação judicial da OGX, considerada a joia da coroa do grupo EBX, na última quarta-feira, ele tenta recuperar o fôlego perdido nos últimos meses. Na sexta-feira, contrariando os acionistas minoritários, o empresário foi mantido na presidência do Conselho de Administração da petroleira OGX.

Nos documentos entregues à Justiça, a empresa informa que as reservas do campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, poderão render US$ 11 bilhões, conforme recente avaliação da consultoria DeGolyer&MacNaugton. “Uma vez reestruturada a dívida e adequada sua estrutura de capital, o grupo OGX terá um futuro próspero”, informa o documento.

Empresário tenta salvar empresas que se dividemDivulgação

Em 30 anos de empreendedorismo e venda de sonhos, não será o primeiro revés de Eike. Ele iniciou o patrimônio nos anos 1980, negociando ouro na Amazônia. Já naquela época amealhou US$ 6 milhões. O sucesso atraiu, pela primeira vez, grupos estrangeiros. Em 1985, fundou com um grupo canadense a TVX Gold, para explorar o metal precioso. Porém, sem alcançar resultados esperados, passou adiante a participação. Nos 1990 lançou o jipe JPX, projeto que não avançou e deu prejuízo de US$ 40 bilhões.

Filho do ex-ministro de Minas e Energia de João Goulart e ex-presidente da Vale Eliezer Batista, o espírito empreendedor de Eike volta a aparecer nos anos 2000, quando monta o Império X. Com o Grupo EBX, diversifica a atuação em vários setores: mineração, energia, logística, infraestrutura, indústria naval, entretenimento, esportes e ramo imobiliário. De 2005 a 2012, o grupo captou US$ 26 bilhões. 

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Em março de 2010, pela primeira vez, o empresário aparece em oitavo lugar no ranking dos dez mais ricos do mundo, com um patrimônio estimado em US$ 27 bilhões (ver gráfico). Na época, Eike chegou a dizer que atingiria o topo do mundo, ultrapassando o empresário mexicano Carlos Slim. Ele manteve a posição em 2011, quando foi eleito o mais rico do país, com fortuna estimada em US$ 30 bilhões, chegando em a US$ 34,5 bilhões em 2012.

Agora se desfaz de iate, helicóptero e jatinhos

O revés de Eike Batista começou em junho de 2012, quando a petroleira OGX informou que a extração de óleo ficaria muito aquém do que o mercado esperava. As ações fecharam em queda de 26,04%. O empresário termina o ano, então, como o terceiro mais rico do país. Em 2012, foi o bilionário que mais perdeu dinheiro, segundo a Bloomberg.

Hoje, não está nem entre os 200 mais ricos do mundo. Ao longo deste ano, Eike tentou se desfazer do iate Pink Fleet, que está ancorado em um estaleiro em Niterói para ser desmontado, além de se desfazer de três jatinhos e um helicóptero. Porém, o iate Pershing de 115 pés e avaliado em cerca de R$ 30 milhões ainda continua atracado em Angra dos Reis.

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