Por paulo.gomes

Rio - Com a chegada do verão, nada mais agradável do que saborear uma cerveja estupidamente gelada ao lado dos amigos. E se for uma bebida premium, melhor ainda.

Sucesso de público e de vendas, a primeira edição do Mondial de La Bière, festival internacional de cervejas especiais, confirmou a força das microcervejarias brasileiras e, principalmente, as fluminenses. O evento, que terminou no domingo na Praça Onze, contou com a participação de cerca de 60 expositores/fabricantes e 650 rótulos nacionais e internacionais.

Os jovens Eduardo%2C Gilson%2C Renato e Raphael investiram recursos próprios para criarem a marca carioca Jeffrey%2C uma cerveja leve e aromatizadaDivulgação

Conforme estudo publicado pela empresa de pesquisas Mintel, divulgado no fim do ano passado, o volume de vendas de cervejas premium aumentou 18% no Brasil entre 2011 e 2010. A taxa de consumo por habitante no país (67,4 litros) equivale a de grandes mercados, como os Estados Unidos (75 litros) e o Reino Unido (64,7 litros).

Do consumo geral de cervejas no país, as especiais são responsáveis por 3,4 litros por habitante. O mercado da bebida vem mantendo média de crescimento de 15% nos últimos anos. O setor reúne 200 microcervejarias e responde por 5% do faturamento total do segmento, estimado em R$ 39,6 bilhões em 2012, e almeja conquistar 20% da preferência até 2015.

A evolução fez com que os cariocas Eduardo, Gilson, Renato e Raphael lançassem a Jeffrey há ano. Durante o festival, a marca ficasse em terceiro lugar na escolha do público.

Crescimento do mercado premium favorece produção

Dados do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja mostram que o Brasil está entre os três maiores fabricantes de cerveja do mundo, com um volume anual de cerca de 13,4 bilhões de litros. A evolução de vendas do setor, de 2008 a 2011, cresceu 54% entre os tipos comuns e 79% entre as especiais. Do consumo geral da bebida no país, as especiais são responsáveis por 3,4 litros por habitante.

Sócio-fundador%2C Eduardo Caldas diz que o site entrega mais de 400 rótulos em qualquer parte do BrasilDivulgação

Os números do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento comprovam o movimento das microcervejarias rumo à conquista de mercado: 31 novos produtores solicitaram registro em 2012, o maior contingente de pedidos dos últimos 30 anos.

Essa ampliação de espaço nas prateleiras também é verificada no varejo. No supermercado Zona Sul, as especiais já ocupam 50% da área destinada a esse tipo de bebida. Também a rede SuperPrix coloca à disposição do público mais de 170 rótulos de cervejas premium.

Lançada há um ano, a Jeffrey, da cervejaria com mesmo nome, ficou em terceiro lugar na escolha do público, que esteve no Mondial de La Bière, na Praça 11. A empresa é a típica startup da cerveja, pois é formada por quatro jovens amigos da boa gastronomia e boa bebida.

“Queríamos algo que trouxesse sensações refrescantes como o Rio. Apostamos numa cerveja especial com malte, trigo, raspa de limão siciliano e sementes de coentro. Ela é leve e aromatizada”, diz Gilson Val, que vai abrir a loja conceitual com microfábrica, em dezembro, no Leblon; e a fábrica na Fazenda Inglesa, em Petrópolis, em 2014.

Clube para amantes das especiais

O The Beer Planet é um site e um clube de cerveja, onde o comprador do país pode encontrar mais de 450 rótulos de todo o mundo. Além das cervejas, o sócio encontra ‘bolachas’, copos, abridores, entre outros souvenirs.

Criador do clube, Eduardo Caldas espera atingir 10 mil sócios nos próximos dois anos. “O preço médio é de R$ 70 por mês com direito a quatro cervejas, além de vantagens e benefícios”, diz o empresário.

Fábrica da Mistura Clássica em Volta Redonda%3A 18 rótulos e 9 premiadasDivulgação

Em Vassouras, o único curso de técnico em cervejaria

Inaugurado em 1989, em Vassouras, Centro-Sul do Estado do Rio, o Centro de Tecnologia Senai oferece formação técnica e qualificação profissional na área de Alimentos (panificação e confeitaria; e processamento de carnes, de leite e derivados, e frutas e hortaliças) e Bebidas (refrigerantes e cervejas).

O curso técnico em Cervejaria foi criado em 1993, com a inauguração da Cervejaria Escola, em convênio com a Doemens Akademie, Fundação Hans Seidel, Krones A.G. e as cervejarias Brahma, Antártica e Kaiser. Lançada para evitar que os interessados fossem estudar fora do país, é a única escola que forma técnicos cervejeiros na América Latina. O curso é de 1.200 horas.

No ano que vem será lançado o curso de Mestre Cervejeiro, em parceria com a VLB — instituição de ensino e pesquisa na área de cervejaria, de Berlim, na Alemanha. Serão 840 horas de formação.

“O objetivo é formar técnicos em produção de cerveja para o mercado nacional”, explica o gerente do CTS, Antonio Tavares.

Produtoras

ST. Gallen - Proprietária da marca Terezópolis, a cervejaria tem os rótulos Gold, Rubine, Ebenholz, Weissbier, Red Ale e Imperial Stout, além de uma charmosa vila para visitação no município serrano. Destaque do festival, a cervejaria produz 600 mil litros/mês.

Fraga - Projeto desde 2007, começou a sua produção industrial em junho último, em Vargem Grande. Carro chefe da marca, a Blonde é uma cerveja estilo Weiss, leve e refrescante. A produção é de 4 mil litros/mês.

Mistura Clássica - Uma das cervejarias mais antigas do estado, foi inaugurada há 10 anos em Volta Redonda, onde fica a fábrica e um pub. Possui 18 rótulos, sendo 9 premiadas. A produção já está em 30 mil litros/mês, mas espera dobrar a quantidade fabricada ao personalizar rótulos para bares e restaurantes. Destacam-se Pan Head (American Stout), medalha de ouro, e a Beatus, medalha de bronze, ambas no festival de Blumenau deste ano.

2 Cabeças - Também criada por três jovens do Rio: Maíra Kimura, Salo Maldonado e Bernardo Couto, todos na faixa dos 32 anos. O rótulo em destaque é a Maracuj-Ipa com alto grau de malte e forte sabor amargo. A produção atual é de 12 mil litros/mês.

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