Por daniela.lima
Rio - Os planos de saúde estão obrigados a partir de hoje a ampliar o tratamento a pessoas com obesidade mórbida. Desta forma, quem passar por cirurgia para reduzir o estômago terá direito a mais consultas com fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudiólogo e psicólogo, aumentando de seis para 12 o número obrigatório de sessões. 
Presidente da ANS, André Longo avalia que os novos procedimentos diminuem alguns custos das operadoras. “O efeito imediato é a redução dos casos de internação”, disseDivulgação


O atendimento passa a ocorrer porque a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou a atualização das coberturas que agora oferecerão 87 novos procedimentos, além de exames para 29 doenças genéticas. Todas as medidas entram em vigor hoje.

Com a novidade, os 42 milhões de usuários de planos de saúde no Brasil passam a ter direito a 50 novos exames, consultas e cirurgias. Também passam a ter acesso a 37 remédios orais para tratamento domiciliar de câncer, além de coberturas específicas para 29 doenças genéticas.

ACIMA DE 35
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A resolução da ANS garante a operação de redução do estômago ao paciente cuja fórmula que divide peso pela altura resulte no número igual ou superior a 35 e desde que associado a alguma doença decorrente do sobrepeso, como hipertensão. De 2003 a 2012 o número de pessoas que recorreu à cirurgia passou de 16 mil para 72 mil no país, avanço de 350%, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
Presidente da entidade, Almino Ramos afirmou que o acompanhamento multidisciplinar é indispensável para o sucesso do tratamento da obesidade. “Primeiro, o paciente deve ser preparado para a cirurgia. Depois da operação, serão avaliados os resultados da adaptação ao novo estilo de vida afim de realizar ajustes do tratamento em caso de necessidade”, disse.
Segundo a nutricionista Alessandra Coelho, a inclusão dessas especialidades pode minimizar ou evitar custos futuros com doenças crônicas, pois o acesso ao atendimento multidisciplinar ajuda a prevenir complicações no pós-operatório.
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“Adotar hábitos alimentares saudáveis é uma das primeiras providências. A orientação nutricional após a cirurgia deve ser adequadamente conduzida, pois se trata do período de maior redução de peso, e é preciso equilibrar os níveis de proteínas e vitaminas”, disse. 
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO 
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O diretor-presidente da ANS ressaltou que também foi estabelecida a obrigatoriedade do fornecimento de bolsas coletoras intestinais ou urinárias para pacientes ostomizados.
Junto às bolsas, também devem ser ofertados ao paciente os equipamentos de proteção e segurança utilizados conjuntamente com elas, como as barreiras protetoras de pele.
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No rol odontológico, passam a constar a realização de enxertos periodontais, teste de identificação da acidez da saliva; e tunelização (cirurgia de gengiva destinada a facilitar a higienização dentária).
A agência ampliou o uso de outros 44 procedimentos já ofertados. Entre eles, o exame pet scan que passa de três para oito indicações: além de tumor pulmonar para células não pequenas, linfoma e câncer colo-retal.
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O exame passa a ser indicado também para a detecção de nódulo pulmonar solitário, câncer de mama metastático, de cabeça e pescoço, melanoma e câncer de esôfago.
O exame de angiotomografia coronariana também foi ampliado para pacientes de risco baixo e intermediário para doenças coronarianas, assim como a tomografia de coerência ótica, agora também coberta pelas operadoras. 
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COM 162 QUiLOS, LIRA FARÁ A CIRURGIA 
O motorista André Luiz Lira, 38, conhece bem as dificuldades de quem tem obesidade mórbida. Ele pesa hoje 162 quilos e está passando por uma bateria de exames para se submeter à cirurgia de redução do estômago, que será custeada pelo seu plano de saúde. Lira é usuário de um dos poucos planos que já faziam o atendimento a esse tipo de doença mesmo antes da determinação da ANS.
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Mas nem sempre foi assim. Ele lembra que em 1999 chegou a ter seu nome incluído na fila de pacientes para realizar o procedimento pelo SUS, mas nunca foi chamado. Com relação à novidade, Lira se diz muito feliz. “É fundamental essa iniciativa do governo”, frisou, acrescentando que os acompanhamentos previstos, como de nutricionista e psicólogo, deixam o paciente mais confiante.
O novo rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, editado pela ANS, beneficia outros 18 milhões em planos odontológicos, individuais e coletivos. “A medida traz avanços importantes, a exemplo dos medicamentos orais contra câncer e o rastreamento de doenças genéticas”, disse o diretor-presidente da ANS, André Longo.
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Ele acrescentou que agora são ofertados medicamentos para o tratamento de tumores de grande prevalência entre a população, como estômago, fígado, intestino, rim, testículo, mama, útero e ovário. “O efeito imediato é a redução dos casos de internação”, disse o dirigente da ANS.
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