Por tamyres.matos
Rio - Em meio a um verão com sensação térmica de mais de 50° C, cariocas sofrem com a falta de sorvete e de ar-condicionado no mercado. De um lado, as lojas de eletrodomésticos alegam não conseguir atender à grande procura por aparelhos de refrigeração nessa época. Os revendedores de picolés, por sua vez, reclamam que a entrega dos produtos tem demorado mais que o normal.
Há uma semana sem receber sorvetes%2C o comerciante Renato Novello%2C 37%2C conta que perde muitos clientes. “Vou ter prejuízo”%2C lamenta eleJoão Laet / Agência O Dia

Dono de mercearia no Méier, na Zona Norte, e revendedor da marca Kibon, Renato Novello, 37 anos, conta que está há uma semana sem receber sorvetes. “Fiz dois pedidos semana passada e até agora não recebi. Isso é péssimo para as vendas. Picolé é o que mais rende lucro no verão”, diz.

As auxiliares de cozinha Georgina Fernandes, 30, e Ana Valéria Teodoro, 35, ficaram desapontadas ao chegar na mercearia e não encontrar sorvete. “Fiquei muito triste. Agora o jeito é enfrentar fila de uma outra lanchonete”, lamenta Georgina.
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Revendedor do produto da mesma marca, José Justo, 56, também está há uma semana sem receber os pedidos feitos. “Houve dias em que vendi 60 sorvetes, por isso o estoque acabou logo”, explica. Para o comerciante, o atraso prejudica muito os negócios com o forte calor.
Franqueado de uma rede de lanchonetes, Amilton Cravo, 75, é revendedor dos sorvetes Itália. Ele afirma que as entregas também estão atrasadas. Segundo o empresário, desde a última terça-feira os produtos não chegam. “Daqui a pouco o estoque acaba. Os picolés estão vendo muito”, avalia ele.
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O hoteleiro André Oliveira, 36, trabalha em Ipanema e observou que nas sorveterias da marca no bairro da Zona Sul o produto também está em falta. Ele havia levado a filha Maria Fernanda, de seis anos, para tomar sorvete, mas por não encontrar, optaram pelo açaí.
Nas grandes redes de varejo, clientes têm dificuldade em encontrar ar-condicionado e ventiladores. E, quando encontram, o preço varia de R$ 99 a R$ 135, o ventilador. Já o ar-condicionado está na faixa de R$ 1 mil.
A aposentada Marly Araújo, 72, foi a uma loja procurar ventilador, mas saiu sem concluir a compra. “Achei muito caro. Está R$ 132. Vou tentar encontrar mais barato”, disse a aposentada.
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Falta de planejamento
Professor de Finanças do Ibmec, Gilberto Braga afirma que a escassez de ar-condicionados e ventiladores nessa época do ano é inevitável, pois a procura é sempre grande. “As empresas não têm como aumentar a produção na época do pico de vendas. Se subir a capacidade produtiva agora, ficam ociosas no resto do ano”, explica.

Por isso, segundo ele, o ideal é que o consumidor se planeje melhor para comprar com antecedência. “Essa é uma reprise de um filme que todo mundo já viu. No verão é sempre mais difícil comprar ou até consertar o ar-condicionado. O melhor é comprar no inverno, quando há mais opções, com melhores preços”, afirma.

A aposentada Marly Araújo%2C 72%2C desistiu de comprar o ventilador em função do preço. “Achei caro”%2C disse João Laet / Agência O Dia

Com relação ao sorvete, o professor diz que, quando há problemas de abastecimento, os estabelecimentos maiores, como grandes padarias e supermercados, costumam ter preferência para entrega. Por isso, para o consumidor, a dica é procurar. “Se a pessoa não abre mão do sorvete, deve fazer estoque quando encontra, principalmente se o preço estiver bom”, orienta.

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Kibon diz que problema é 'pontual'
A Unilever, proprietária da Kibon, confirmou que passou por problema pontual de abastecimento de sorvetes na cidade do Rio. A empresa informou ainda que a situação será normalizada nos próximos dias.
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Já as Casas Bahia e o Pontofrio, ambas do grupo Via Varejo, informaram que devido ao aumento expressivo de demanda por ventiladores, climatizadores e ar-condicionado nestas primeiras semanas de 2014, algumas lojas esgotaram seus estoques e que o reabastecimento é feito de acordo com a disponibilidade dos fornecedores.
A rede Ricardo Eletro, por sua vez, informou que a demanda por ar-condicionado dobrou. A empresa informou que houve crescimento de 50% na procura por ventiladores em todo o estado nas duas primeiras semanas de janeiro, em comparação com o mesmo período do ano passado. Mas, apesar da alta demanda, há disponibilidade de produtos no estoque da companhia para atender aos consumidores.
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