Por thiago.antunes
Rio - Dizer que o Rio é a cidade dos 40º não é suficiente neste verão, com a sensação térmica já batendo nos desérticos 50º. Para amenizar o calor, ao menos no ambiente de trabalho, cariocas lançaram movimentos que começam a dar resultados: advogados já podem abrir mão do paletó e da gravata em alguns fóruns, e empresas passaram a permitir uso de bermudas nesses dias quentes.

O site www.bermudasim.com.br foi criado para ajudar os funcionários que não aguentam mais usar calça no verão. Basta digitar o e-mail do chefe e uma mensagem anônima é enviada pela página, pedindo a liberação de roupas mais leves.

“A bermuda é um símbolo de um movimento divertido, que liberta as pessoas da gravata, por exemplo”, diz o publicitário Ricardo Rulière, autor da ideia com Guilherme Anchieta, Vitor Damasceno e Saulo Catharino.

Os servidores Ricardo Castelo Branco%2C José de Araújo Barbosa e Paulo César de Oliveira não abrem mão da bermuda%2C aceita pela prefeituraMárcio Mercante / Agência O Dia

Prefeitura do Rio adere

O site enviou mensagens a três mil chefes e muitos deram retorno positivo. “Três responderam que era absurdo, que bermuda não é coisa que se use em ambiente profissional”, lembra Rulière.
Servidores municipais, taxistas e motoristas de ônibus não precisaram colocar o e-mail do prefeito Eduardo Paes no site. Decreto assinado em dezembro autorizou o uso da peça — abaixo do joelho — até o fim do verão.
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A prefeitura, aliás, está no portal do Bermuda Sim, entre as que liberaram o uso da roupa, ao lado de agências de publicidade e de comunicação.“São empresas jovens, não têm a cabeça dura dos chefes mais velhos”, afirma o publicitário.
Para o advogado Diogo Garcia%2C janeiro é o mês mais difícil do anoMárcio Mercante / Agência O Dia

Nesta quarta-feira, as peças eram mais vistas sendo usadas do que calças compridas na Secretaria Municipal do Meio Ambiente. “A roupa não influencia em nada no trabalho, só o torna mais cômodo”, garante o servidor Paulo César Oliveira. Ricardo Castelo Branco endossa: “Usar roupas leves quebra a distância entre o funcionário público e o contribuinte.”

Presidente da Associação Brasileira de RH, Paulo Sardinha aprova o uso de roupas leves para quem trabalha em hotéis a beira mar. “Em escritório, como o de contabilidade, que lida com clientes, é preciso ser mais formal”, argumenta, acrescentando que a decisão passa pelo bom senso.
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“Trata-se de uma questão de saúde”
Advogados do Rio não têm vida fácil nessa época do ano. Mesmo sob sol forte, precisam vestir paletó e gravata. Mas campanha feita pela OAB e a Caixa de Assistência dos Advogados do Rio (Caarj) mudou a realidade de 10 fóruns no estado, como Magé, Saquarema e a 1ª Vara de Órfãos e Sucessões da Capital, que já dispensaram o uso da peça.
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“É uma questão de saúde, e abolir o terno obrigatório é caminho para aproximar o cidadão da Justiça”, acredita Marcelo Oliveira, que é presidente da Caarj. O advogado Diogo Garcia suava após sair das audiências, e disse que o terno é exigido inclusive dentro de alguns escritórios. “Se um cliente chega e vê um advogado sem terno brinca, perguntando ‘onde está a farda’”, lamenta Diogo.
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