Por tamyres.matos
Rio - Com capacidade de gerar o equivalente a 50% do consumo de energia do Estado do Rio, a usina nuclear de Angra 3 ficará pronta só em maio de 2018. Mas a população dos municípios de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro já percebem os benefícios da nova matriz energética da região. Em função das contrapartidas socioambientais e socioeconômicas, definidas em contrato, a Eletrobras Eletronuclear, estatal responsável pelo empreendimento, vai executar cerca 180 projetos no valor de R$484 milhões até a inauguração da usina que tem potência de 1.405 megawatts.
A unidade será capaz de produzir mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano. Até março do ano passado, já tinham sido firmados 25 convênios, no valor de R$180 milhões, envolvendo uma população de 150 mil habitantes.
Capaz de produzir mais de 12 milhões de megawatts-hora ao ano%2C usina pode gerar o equivalente a 50% do consumo de energia do Estado Rio Divulgação

“Entre os programas está o convênio com a ONG Semear, para a execução do Projeto Malê de Alfabetização de Adultos com qualificação em confecção de artesanato e costura. Válida até 2016, a iniciativa tem o objetivo de atender aproximadamente 1.800 jovens e adultos de Angra dos Reis e Paraty, além de capacitá-los para trabalhar com artesanato para turismo. O projeto já formou mais de mil alunos”, diz Paulo Gonçalves, coordenador de Responsabilidade Socioambiental e Comunicação da Eletronuclear.

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PARCERIA COM UFRJ
Em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Eletronuclear finaliza projeto de construção de uma escola técnica de reparo naval num terreno ao lado do cais dos pescadores, no bairro da Ilha das Cobras, em Paraty. Com verba estimada de R$ 800 mil para a construção de um prédio de três andares, numa área cedida pela prefeitura, a escola tem previsão de ficar pronta no segundo semestre de 2015. Terá capacidade de atender 180 alunos no curso de tecnologia de construção, manutenção e reparo de pequenas embarcações (Tecnaval).
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“Queremos capacitar moradores da região com modernas técnicas de construção e conserto de barcos feitos em madeira para pesca e turismo. Durante as aulas, os alunos vão conhecer como aproveitar melhor o material e como otimizar a produção”, explica Walter Suemitsu, coordenador do Centro de Tecnologia da UFRJ. Segundo ele, a instituição federal de ensino já oferece o curso na região, mas com instalações precárias.
Proposta para educação e saneamento
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Para saneamento básico, a Eletronuclear está investindo R$ 51,4 milhões na região. “Paraty praticamente não tem esgoto tratado. Nesta parceria com a estatal vamos conseguir saneamento básico para mais de 70% da população do município”, comemora o prefeito, Carlos Gama Miranda, o Casé (PT).
Para educação, os projetos nos três municípios (Angra, Paraty e Rio Claro) são da ordem de R$ 75,5 milhões. “Com parte dos recursos, serão reformadas 10 escolas da periferia de Angra. Serão preparadas para acolher pessoas em caso de acidentes”, destaca a prefeita de Angra, Maria da Conceição Rabha (PT).
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Ela cita os investimentos no Cinturão Verde (contenção de ocupação) com R$ 2,7 milhões:“Vamos delimitar o uso do solo e reflorestar áreas desmatadas”.
Custo-benefício da usina é alto em relação à produção
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Professor do Programa de Planejamento Energético (PPE) da Coppe/UFRJ, Marcos Freitas diz que o investimento em Angra 3 de R$ 13,93 bilhões é alto em relação à pouca quantidade de energia que será produzida.
“Angra 3 vai gerar apenas 1% de energia do que é produzido pelo país hoje. Só a hidrelétrica de Itaipu produz dez vezes mais. Sem contar os riscos de uma usina nuclear”, diz.
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Freitas ressalta que o governo federal deveria investir mais em hidrelétricas. “Usamos apenas 25% de nosso potencial hidrelétrico”, ressalta.
Ele não traça só pontos negativos, mas destaca a importância do país dominar a tecnologia nuclear. “Caso não haja acidente nuclear, é uma matriz energética que não polui como termoelétrica a carvão”, diz.
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Othon Pinheiro da Silva, presidente da Eletronuclear, defende a instalação da usina. Segundo ele, o investimento é maior, mas a energia gerada é mais barata. “Vendemos a R$ 135,69 a hora de energia produzida por Angra 1 e 2. A termoelétrica mais barata não pode sair por menos de R$ 2.270”, conta Silva, amenizando riscos. “A região é de geologia favorável. O impacto ambiental é quase zero”.