Por tamyres.matos
Rio - É a corrida do ouro, uma nova Serra Pelada. Assim os corretores de imóveis por temporada se referem ao período entre junho e julho, durante a Copa do Mundo no Rio. Estimativas apontam um acréscimo de cerca de 20% no valor das diárias acima dos preços da alta temporada — Réveillon e Carnaval — que, normalmente, já ficam, em média, 50% mais altos que no período de baixa, época típica do meio do ano na cidade. No total, a alta chega a 70%.
“É uma situação nova para todo mundo. Proprietários de imóveis, corretores e imobiliárias. Então, tem gente querendo ganhar um mês em uma semana. Acho que os valores estão superestimados e que mais próximo da Copa deve haver uma queda”, especula o diretor da Imobiliária Renascença, Edison Parente.

Não é o que pensa o ex-coordenador de telemarketing Evandro Oliveira, que pretende aproveitar o momento. Ele largou o emprego de R$ 4 mil para administrar três imóveis e tirar cerca de R$ 15 mil por mês com aluguel de imóvel. Para a competição esportiva, ele já aumentou em quase 100% o valor das diárias para receber turistas estrangeiros em Santa Teresa. A divulgação das vagas e dos imóveis foi feita no site de reservas Airbnb, um dos maiores do mundo.

Evandro Oliveira reajustou em quase 90% o valor da diária em sua casa no bairro de Santa TeresaMaíra Coelho / Agência O Dia

“Alugo quartos na minha casa em Santa Teresa. Para a Copa, o valor para duas pessoas passou de R$ 180 para R$ 350”, diz o proprietário.

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Já a diária na última semana do torneio, que terá a final no Rio, em seu apartamento do Arpoador, sairá por R$ 1,2 mil. O imóvel de quarto e sala pode receber até quatro pessoas. No outro apartamento, na Lapa, a diária fica em R$ 700 no período.
Evandro conta que usa o site há três anos para alugar os imóveis por temporada. A maioria dos clientes é estrangeiros. Ele conta que, com a renda obtida, pagou a entrada dos dois apartamentos, trocou de carro e viaja pela Europa duas vezes por ano.
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O aposentado Paulo Duarte também comemora a procura por hospedagem para a Copa do Mundo. Apesar de não falar sobre os valores de seus apartamentos, ele admitiu que aplicou um leve aumento de preços no imóvel de Copacabana. A alta não impediu que um grupo de turistas alemães fechasse a hospedagem para os 30 dias do evento.
Para o diretor da Renascença, a supervalorização dos aluguéis já não corresponde à realidade do país. “Acredito que os proprietários estão colocando os valores lá em cima para ver o que acontece. Mais próximo da competição, se o imóvel estiver vazio, os preços devem baixar para um patamar mais real”, diz Parente.
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Apartamento na Glória sobe até 66% na Copa
A historiadora Silvia Gomes de Souza também reajustou a diária do seu imóvel na Glória para a Copa do Mundo. Enquanto no Carnaval, o valor médio é de R$ 600, para seis dias durante a competição ela conseguiu alugar por U$ 418 — ou R$ 1 mil (dólar a R$ 2,40 na cotação de ontem). Um aumento de 66%.
“Sei que os valores estão astronômicos e acompanho o mercado. Eu alugo o meu apartamento, então tenho que ter certos cuidados”, diz Silvia.
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Ela também elogia a transparência nas negociações promovidas pelo site Airbnb, que atrai muitos interessados da Europa, seus principais clientes. “O site é fácil de usar e bastante seguro. O proprietário paga uma taxa de 3% sobre o valor recebido. Mas o perfil dos hóspedes que o procura o site é muito bom”, explica.
Sites oferecem melhores ofertas
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Diretor-geral do Airbnb no Brasil, Christian Gessner recomenda aos usuários não elevar demais o preço para evitar a recusa que ocorreu em Londres, nas Olimpíadas de 2012.
“Isso pode afetar a reputação do anunciante. Se você coloca um valor muito maior do que estão oferecendo, você pode receber uma avaliação negativa”, explica Gessner, afirmando que o site já tem mais de 15 mil anúncios só no Brasil.
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Criado para atender ao público que esteve na cidade durante a Rio+20, em 2012, a página carioca House in Rio oferece hoje cerca de três mil imóveis e vagas para alugar. Segundo o sócio Eduardo Serrado, os valores para a Copa estão um pouco acima do Réveillon e Carnaval. “Orientamos aos interessados não elevar tanto os preços”, afirma.
Reportagem: Aurélio Gimenez e Douglas Nunes
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