Por tamyres.matos

Rio - Os foliões vão gastar mais para pular o Carnaval nos blocos de rua este ano. A previsão é que o latão de cerveja na mão dos ambulantes dobre de preço durante a festa de Momo no Rio. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente a janeiro, por sua vez, registrou aumento de 9,88% nos preços da loura gelada e de 7,02% dos refrigerantes comprados fora de casa, no acumulado dos últimos 12 meses. O preço do açaí subiu ainda mais, com inflação de 13,88% no período.

Ambulante Nilson Mafra trabalha todos os anos em blocos de rua. Ele pretende aumentar o preço da cerveja na folia de R%24 3%2C50 para R%24 5Carlo Wrede / Agência O Dia

Economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz explica que ainda há espaço para novos aumentos até março. “No Carnaval, sobretudo porque é verão, esses líquidos vendem muito. Isso faz com que os preços subam, em função da demanda”, avalia o especialista.

De acordo com Braz, este ano o consumidor vai perceber as bebidas mais caras, se comparadas ao ano passado. “Nos últimos 12 meses, essa categoria teve um aumento de cerca de 10%, ou seja, acima da inflação média para o período, que foi de 5,59%”, compara.

Para os ambulantes, o Carnaval representa o momento mais lucrativo do ano. Como são os principais vendedores de bebidas nos blocos, eles vão aproveitar para aumentar os preços. Se hoje o latão de cerveja custa, em média, entre R$ 3,50 e R$ 5, durante a folia pode chegar a R$ 7.

A camelô Leia Alves, por exemplo, ganha um salário mínimo (R$ 724) por mês vendendo bebidas na Central do Brasil. No Carnaval, fatura o dobro. “Para os turistas, vendo mais caro”, diz.

O ambulante Nilson Mafra trabalha durante toda a semana de folia. Ele costuma vender a lata de cerveja a R$ 3,50, mas nos blocos aumenta para R$ 5, diferença de 42,8%. “Só não aumento o preço do refrigerante, pois a procura é menor”, explica ele que cobra R$ 2 pela bebida.

Camelô no Centro do Rio, Daniel Araújo chegou a vender mil latas de cerveja no último Carnaval. Ele compra uma embalagem com 12 por R$ 30 e vende a R$ 4 cada uma nos dias fora do feriado. Já no período da folia, a bebida passa a custar R$ 5. “O Carnaval faz meu ano”, disse.

Para evitar queda nas vendas, a Ambev, dona das marcas Antarctica, Brahma e Skol, anunciou que não reajustará as tabelas. Está com a campanha “Verão sem aumento” para cerca de 40 mil estabelecimentos no Rio. A ideia é que bares, restaurantes e quiosques que aderirem ao movimento não elevem os preços até o fim do Carnaval.

Entrega dos kits para ambulantes

Ontem, a Dream Factory, produtora do Carnaval de Rua Rio 2014, fez a entrega dos kits para os 5 mil ambulantes credenciados para trabalhar nos blocos da cidade. O material foi cedido pela Antarctica e inclui um colete, um isopor e a credencial de identificação.

Além disso, a Ambev promove ao longo deste mês um programa de treinamento para os profissionais que vão vender bebidas alcoólicas no Carnaval de rua, além daqueles que trabalham em camarotes da empresa na Sapucaí.

Para Daniel Araújo%2C o Carnaval é a época mais lucrativa do ano. “Vendi mil latas em 2013”%2C disse eleCarlo Wrede / Agência O Dia

O conteúdo do curso, desenvolvido em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), inclui disciplinas, como história e cultura da cerveja; a saúde e o bem-estar relacionados ao consumo moderado; a proibição da compra de bebida alcoólica por menores de 18 anos; e os perigos da ingestão excessiva, entre outras.

Saiba como economizar

Para aproveitar o Carnaval sem entrar no vermelho, o educador financeiro Reinaldo Domingos recomenda estabelecer limites e planejar os gastos.

“O primeiro passo é saber em que situação financeira se encontra: endividado, equilibrado ou investidor. A partir disso é que se pode fazer um melhor planejamento”, afirma.

Segundo o especialista, é preciso ter cuidado ainda com os gastos no cartão de crédito e ter certeza de que terá recursos para pagar a fatura no fim do mês.

Em vez de comprar fantasia, a sugestão de Reinaldo Domingos é pedir o figurino emprestado a amigos ou aproveitar adereços que já tenha em casa.

Além disso, ele recomenda beber com moderação para poupar a saúde e o bolso. “Evite levar grandes quantias de dinheiro, cartões e objetos de valor. No meio da folia, corremos o risco de perdê-los. Por isso, é preciso cuidado e atenção”, alerta o especialista.

Para quem vai viajar, a dica é fazer um planejamento. “Com a euforia do momento, os gastos acabem sendo maiores do que o orçamento permite”, diz ele.

Reportagem: Martha Imenes e Stephanie Tondo

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