Por bferreira

Rio - A recente queda acentuada do valor das ações da Petrobras e da Vale na Bolsa de Valores de São Paulo deixou os trabalhadores que investiram recursos do FGTS em ações dessas empresas em dúvida se estaria ou não na hora vender seus papéis. Os títulos mais negociados da estatal caíram ontem 2,21%, cotados a R$13,29, menor valor desde 29 de julho de 2005, quando ficaram em R$ 13,62. Já a mineradora acumula perda de 12% em 12 meses.

Especialistas em finanças afirmam que se o interesse do investidos for de ganhos financeiros no médio e longo prazos, não é o momento de negociar. Já o presidente do Instituto FGTS Fácil, Mario Avelino, vai além. Ele não recomenda a venda, a não ser se a pessoa for sacar o dinheiro do fundo.

“Apesar das perdas registradas nos últimos meses nas ações da Petrobras, não recomendo ninguém a vender suas ações, a não ser se for para sacar o dinheiro do fundo. Afinal, quando as ações são vendidas, o dinheiro volta para a conta do FGTS na Caixa. Neste caso, só poderá ser sacado nas condições previstas, tais como: demissão sem justa causa, morte, aposentadoria e compra de imóveis, entre os principais motivos”, diz Avelino.

Economista e professor do Ibmec-RJ, Mauro Rochlin explica que a desaceleração dos papéis da petroleira está ligada a diversos fatores. Entre eles, a inexistência de uma política de preços transparente dos combustíveis, causando prejuízos no segmento de abastecimento, o real relativamente desvalorizado e com possibilidade de maior queda futura, e a intervenção política constante do governo na estatal.

“A Petrobras ficou nove anos sem elevar o preço da gasolina nas refinarias. O endividamento mais a intervenção do governo ainda são grandes, e os investidores estão cuidadosos”, argumenta Rochlin. Por outro lado, o economista afirma que há perspectiva positiva a médio e longo prazos na valorização dos papéis da estatal por conta do grande potencial das reservas do pré e pós-sal da companhia.

Já sobre a Vale, Lenon Borges, analista da Ativa Corretora, comenta que há no curto prazo um iminente risco de desaceleração da economia chinesa, responsável por 38,8% das receitas da Vale em 2013. “Se o interesse for de ganhos no médio e longo prazos, com recebimento de dividendos e ganhos de capital, creio que os papéis da mineradora se apresentam como boa opção”, analisa Borges.

Ganhos em ações maiores que rendimentos no FGTS

Presidente do Instituto FGTS Fácil, Mário Avelino lembra que os trabalhadores que investiram parte do seu FGTS nas ações na Petrobras, em 17 de agosto de 2000, tiveram um ganho maior que os rendimentos do FGTS até o dia 30 de dezembro de 2013. Ele exemplifica dizendo que quem tinha R$1 mil em papéis da estatal na ocasião, tem hoje R$3.094,60. Já para aqueles que mantiveram seu capital no fundo têm apenas R$1.877,00.

Ou seja, os ganhos em percentual das ações da estatal sobre o rendimento do FGTS são de 121,76%. “Se hoje as ações da Petrobras valem menos, o investidor está apenas deixando de ganhar mais”, avalia Avelino.

A Petrobras informou que a produção de óleo nos campos do pré-sal atingiu, em 27 de fevereiro, a marca de 412 mil barris, recorde na produção diária. No balanço, a estatal obteve lucro líquido de R$ 23,6 bilhões, 11% maior do em 2012. Porém, o reajuste no preço dos combustíveis, ao final do ano, não evitou prejuízo de R$ 17,8 bilhões na divisão de Abastecimento, pois a empresa continua a cobrar pelo produto menos do que paga na compra no exterior.

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