Por bferreira

Rio - Na jornada de três a quatro horas entre sua casa, em Jacarepaguá, e o trabalho, em Botafogo, o motorista Leandro Cardoso, 29 anos, descobriu que poderia fazer mais do que jogar o viciante quebra-cabeça Candy Crush. Na internet, encontrou videoaulas e decidiu usar o tempo ocioso no trânsito para aprender. Fã de tecnologia, costuma assistir ou ouvir (quando está dirigindo) aulas de Português e Matemática na tela de seu Samsung Galaxy. “Nem ligo mais meu notebook, está largado lá em casa”, diz. Cardoso faz parte do contingente crescente de pessoas que se valem da mobilidade dos smartphones e tablets para estudar.

O motorista Leandro Cardoso%2C em seu carro%3A quando fica preso no engarrafamento%2C ele escuta aulas de português e matemáticaCarlos Moraes / Agência O Dia

A modalidade de ensino já tem até nome: mobile learning (ensino móvel, em inglês). O m-learning é uma espécie de extensão do ensino à distância, focado no aprendizado via computadores. Devido à grande capilaridade da telefonia no Brasil, é uma aposta das empresas de tecnologia e instituições de ensino. Segundo estimativas da IDC, consultoria especializada na área de Tecnologia da Informação e Telecomunicações, cerca de 58 milhões de smartphones e tablets serão comercializados no país este ano. Em 2013, a venda de telefones inteligentes cresceu 147%.

Especialistas avaliam que este m-learning é ideal para o estilo de vida das grandes metrópoles, onde o tempo é escasso. O atual cenário carioca de (i)mobilidade urbana ilustra bem essa realidade. Segundo estudo publicado em 2013 pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), o carioca leva em média 42,6 minutos para chegar ao trabalho.

Aspirante a uma concorrida vaga no setor público, a administradora Tayana Lenzi, 25, estuda pelo telefone na barca ou no ônibus, enquanto faz o trajeto de pouco mais de uma hora entre sua casa, na Ilha do Governador, e o trabalho, no Centro. “Essas horas são perdidas, é melhor usar para uma coisa útil”, diz. Rodrigo Menezes, diretor do site Questões de Concursos, recomenda o método. “É um bom complemento, mas não deve ser usado como meio principal”, diz ele. Em 45 dias, o site vai lançar uma plataforma de estudos para telefones.

Área de educação móvel vai gerar receitas de R$ 1,4 bi na América Latina

Segundo a empresa de pesquisas Ambient Insight, o mercado de m-learning é altamente promissor na América Latina e tem potencial para gerar receitas de R$ 1,4 bilhão até 2017.

O empresariado já atentou para o filão e está investindo na área. A operadora Vivo, uma das pioneiras na oferta de serviços para educação, tem sete milhões de usuários ativos de seus serviços em educação. O mais popular deles, o Kantoo, é um curso de idiomas que possui três milhões de usuários. “Acreditamos que o celular é uma forma inclusiva e democrática de entrar na educação”, afirma o diretor de educação móvel da operadora, Alexandre Fernandes.

Além das operadoras, há empresas de tecnologia que desenvolvem aplicativos e soluções customizadas para instituições de ensino. Sediada em Campinas, a Móvile já produziu mais de 20 produtos na área de educação, que contam com 300 mil usuários. “O país tem um mercado muito incipiente, com potencial grande de crescimento”, diz o executivo-chefe da empresa, Flávio Stecca.

A Fundação Getulio Vargas também aposta na mobilidade. Até o fim do ano, a instituição pretende lançar uma plataforma de estudos para celulares e tablets que vai agregar conteúdo aos cursos online que a escola já oferece. “O aluno vai aproveitar o mobile para fazer uma complementação dos estudos”, afirma Stavros Xanthopoylos, vice-diretor do Instituto do Desenvolvimento Educacional da FGV.

Seguros estão em expansão

Com o aumento nas vendas de smartphones e tablets no país, o mercado de seguros para dispositivos móveis também está em alta. Há coberturas que protegem danos elétricos e acidentes e outras que indenizam o consumidor em caso de roubo e furto.

Na seguradora BB Mapfre, a venda do serviço cresceu exponencialmente desde o ano passado. Em 2012, a empresa fechou 4 mil contratos do tipo. No ano passado, a demanda subiu para 15 mil. Somente nos dois meses deste ano, já foram 20 mil segurados.

Os valor da proteção varia entre 15% e 18% do preço total do aparelho e a cobertura é anual, podendo ser financiada junto com o bem.

O superintendente de Seguros Especiais do Grupo BB e Mapfre, Nikolaos Tetradis, alerta para regras importantes no caso de contratar o serviço. O principal ponto a ser observado é que o seguro só pode ser acionado em caso de roubo (quando há violência) ou furto mediante arrombamento. Se o dispositivo for furtado por um batedor de carteira no ônibus ou em um show, por exemplo, não é possível recuperar o valor do aparelho. “É importante verificar se houve exposição à violência”, afirma Tetradis.

Também é necessário registrar um boletim de ocorrência na delegacia antes de acionar o seguro.

Apps para concursos:

1. Gabaritar

Gratuito

O usuário pode montar planos de estudos e ter acesso a simulados e questões dos principais vestibulares do país.

2. PCI concursos

Gratuito

Além de disponibilizar testes para os estudantes, traz informações sobre novos editais e seleções na área pública.

3. Vade Mecum jurídico

Gratuito

Compilado das principais leis brasileiras, como a Constituição e os Códigos Civil e Penal. Muito usado por quem está se preparando para concursos na área jurídica e para a prova da OAB.

4. OAB de bolso

Gratuito

É possível resolver questões de provas anteriores da Ordem e ter acesso a comentários em texto e vídeo sobre cada questão. Também traz dicas sobre os assuntos mais cobrados no exame.

Apps para Enem e vestibulares

1. Estudavest

Gratuito

Testa conhecimentos pela resolução de questões online. O usuário pode escolher fazer simulados de uma matéria específica. Traz questões do Enem e dos vestibulares das principais universidades do país.

2. Manual para Redação Acadêmica

Gratuito

Resume as características de cada tipo de texto e as principais normas usadas em redações acadêmicas. Possui uma seção dedicada à gramática, com uma lista dos cem erros mais comuns em redações e as regras do novo acordo ortográfico.

3. Pense+

Gratuito

A vantagem deste aplicativo é que o aluno pode fazer as provas do Enem mesmo quando não está conectado à internet. Já está atualizado com as provas de 2013.

4. SAT Math Trainer

Gratuito

Aplicativo em inglês, tem mais de dez mil questões sobre assuntos abordadas no Ensino Médio, como Álgebra Geometria.

Apps com cursos livres

1. Claro :

R$ 2,99.

A operadora oferece cursos de reforma ortográfica, culinária básica, qualificação profissional, informática e reforço escolar.

2. Oi:

R$ 2,99 por semana.

Os cursos da Oi tem temas variados, como sucesso profissional, técnicas de negociação, vinhos, dicas de maquiagem e fotografia.

3. Vivo

R$ 2,99 por semana.

Ofertado pela operadora Vivo, são informativos feito em parceria com especialistas, como o “Vivo Saudável com Drauzio Varella” e “Vivo Sucesso com Max Gehringer”. Eles abordam temas ligados à saúde e à carreira profissional.

Apps sobre ensino de idiomas

1. Duolingo:

Gratuito

Um dos mais populares aplicativos para ensino de idiomas, tem lições que vão do nível mais básico até o avançado, e ensina de números a pronomes e conjugações.

2. Busuu

Gratuito

Espécie de comunidade virtual para ensino de vários idiomas. Possui conteúdo audiovisual, como jogos, desafios e recompensas. Também é possível conversar com nativos de outros países.

3. Kantoo Completo

R$ 2,99 por semana

Carro chefe da área de educação da Vivo, oferece aprendizado do idioma voltado para áreas específicas do mercado de trabalho – como turismo e negócios –, além de assuntos gerais. Possui níveis de aprendizado básico, intermediário e avançado.

4. Learn English

Gratuito

Desenvolvido pelo British Council, o aplicativo tem versões para crianças, adultos e adolescentes. É possível aprender por meio de jogos, áudios e vídeos. Há cursos em áreas específicas, como o voltado para negócios e outro sobre futebol.

Reportagem de Luisa Brasil

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