Por bferreira

Resende - O fraco desempenho da economia brasileira não afetará os planos da Nissan para o país, afirmou ontem Carlos Ghosn, diretor-executivo mundial da empresa, durante inauguração da nova fábrica da montadora em Resende, no Sul Fluminense. “Apesar do momento da economia do país ser decepcionante, e poder se prolongar, não fazemos investimentos para os próximos seis meses, mas sim para os próximos dez anos”, disse Ghosn, referindo-se aos R$ 2,6 bilhões destinados à nova planta.

O governador Luiz Fernando Pezão conta ainda com a instalação pela Nissan de um centro de pesquisa e desenvolvimento em engenhariaDivulgação

A unidade tem capacidade de produzir até 200 mil veículos e motores por ano. Atualmente, já trabalham na fábrica 1,5 mil funcionários, mas a meta é chegar a dois mil, assim que for atingido limite máximo de produção, o que deve ocorrer até o fim do ano. O objetivo é chegar a 5% de participação no mercado nacional até 2016 e ser a primeira entre as marcas japonesas por aqui. Hoje, a fatia é de apenas 2%.

Segundo Ghosn, o crescimento da Nissan será maior que das demais montadoras porque sua parcela ainda é pequena. “Vamos crescer mais rápido que as outras, pois estamos muito aquém do nosso potencial. Após chegar a 5%, o crescimento deve desacelerar”, disse.

O diretor-executivo acredita no potencial do mercado automobilístico do país, já que a proporção de veículos é de 175 para cada mil habitantes, enquanto em países da Europa a média chega a 500 carros. A estratégia de crescimento é comercializar um modelo em cada segmento (popular, sedan, cross, pick up e hatch back).

A inauguração inicia a produção da nova versão do March 1.6 16V flexfuel, que chega ao mercado no primeiro semestre. Também será fabricado o Versa 1.6. Hoje, os modelos (March 1.0 e 1.6 e Versa) vêm da planta mexicana da montadora, que não fala sobre preços. Especula-se, porém, que o novo March deva custar cerca de R$ 40 mil.

Os carros sairão da fábrica com 60% de conteúdo local, mas o objetivo é chegar a 80% até 2016. “A nacionalização dos fornecedores faz parte da estratégia. Queremos 100% de nacionalização, mas estamos bem longe”, reforçou Ghosn.

Governo do estado vai arrecadar R$ 240 milhões por ano em ICMS

A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico estima que o governo vá arrecadar R$ 240 milhões por ano em Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) com a nova planta da montadora, em Resende. Para o secretário da pasta, Júlio Bueno, a fábrica é importante, pois demonstra a diversificação econômica do Rio, indo além da produção de petróleo.

A fábrica é a segunda da Nissan no Brasil, já que a empresa divide com a Renault um empreendimento no Paraná, onde são produzidos os modelos Frontier e Livina. Ainda não está prevista a produção de componentes ou modelos da Renault em Resende, mas a troca não está descartada no futuro. “O parque pertence à aliança”, disse Ghosn, acrescentando que não estão nos planos vendas para a Mercedes, que está se instalando no país.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, elogiou a iniciativa da montadora e disse que o estado se consolida como o segundo maior polo automotivo do país.

Sem condição para carros elétricos

Perguntado sobre a fabricação de veículos elétricos no Brasil, o principal executivo mundial da Nissan, Carlos Ghosn, afirmou que não vê interesses concretos das autoridades nacionais no projeto e que falta legislação para o segmento. Segundo ele, é necessário que haja mercado para vender 50 mil carros por ano no Brasil e em países do entorno para que o negócio seja rentável para a empresa.
“Abaixo desse nível é muito difícil conseguir produzir os veículos sem haver prejuízo”, explicou Ghosn.

A montadora produz carros elétricos em plantas em países como Japão, Inglaterra e Estados Unidos. “Já vendemos 120 mil unidades, mas esse mercado continua acelerando”, revela o executivo.

Com a chegada da Nissan, mais um centro de autopeças foi levado para a região de Resende, subindo para quatro o número de fornecedores dentro da planta fabril e dois nas imediações. O governador Luiz Fernando Pezão disse contar com a instalação pela Nissan de centro de pesquisa e desenvolvimento em engenharia. Mas não há definição de local e previsão de inauguração.

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