Por bferreira

Rio - Reunir familiares e amigos para assistir a jogos do Brasil na Copa do Mundo faz parte da tradição dos torcedores. De olho nessa movimentação, setores da economia, como o de alimentos, bebidas e eletrodomésticos, adotaram esquema tático para dar goleada nas vendas. Os fabricantes de amendoim, por exemplo, petisco sempre presente em confraternizações, esperam entrar em campo e dar show de bola. O objetivo é balançar as redes com alta de 30% nas vendas. O cachorro quente também não vai faltar e a tradicional marca carioca Geneal espera comercializar 20% a mais.

O segmento de eletroeletrônicos estima vender mais televisores do que nos Mundiais de 2006 e 2010. A expectativa é de que os torcedores comemorem os gols à frente de TVs novas, o que provocará crescimento de 2,8% nas vendas no segundo trimestre, conforme a Confederação Nacional de Comércio (CNC). O setor de cerveja acredita que terá na Copa um mês equivalente ao resultado de vendas do verão.

Ivone de Oliveira vai reforçar o estoque de amendoim para receber amigos durante os jogosDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

“Como não são muitos torcedores que têm condições de ir a estádios, grande parte se reúne com a família para assistir em casa. É uma boa oportunidade para o varejo aproveitar e aquecer as vendas”, avalia Marco Quintarelli, consultor de varejo do Grupo AZO.

Segundo André Guedes, vice-presidente de Amendoins da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) e diretor da fabricante carioca Agtal, 66% dos brasileiros consomem o tira-gosto, conforme pesquisa do Ibope. O executivo afirma que o setor vai aproveitar o apelo da Copa para lançar novidades ainda mantidas em sigilo. Ele lembra que no mesmo período também ocorrem as festas juninas. A ideia é tirar proveito e fazer um gol de placa no faturamento.

“Vamos juntar vários eventos em um só: o Mundial e os festejos juninos. É oportunidade de consolidar a produção e as vendas que cresceram 4,9% no ano passado em relação a 2012”, explica Guedes, ressaltando que a produção de amendoins bateu 192 mil toneladas em 2013 e que consumo per capta foi de quase um quilo ano passado no país.

Ivone de Oliveira, 58 anos, vai reforçar o estoque de petisco para a Copa. Ela e os filhos devem receber amigos em casa para ver os jogos. “Estou pensando na quantidade de amendoim necessária para receber os amigos durante os jogos”, disse.

Torcedor vai ver jogos em TV nova além de comemorar com cerveja gelada

A paixão pelo futebol, ofertas e facilidades de pagamento vão fazer o torcedor trocar a TV por uma mais moderna. De acordo com Fábio Bentes, economista da CNC, como os preços médios dos televisores registraram queda média de 40% nos últimos anos, os consumidores se sentem estimulados a comprar, principalmente se a TV de casa estiver com problema. “Sai mais em conta comprar uma nova do que mandar consertar. O consumidor acaba comprando parcelado”, afirma.

É o que fará a vendedora Graciele Nogueira, 26 anos. Ela tem pesquisado preços para comprar a TV antes da Copa. Segundo ela, a família faz questão de uma televisão nova para ver os jogos e quer comprar modelo entre 40 e 60 polegadas. “Vamos reunir todo mundo lá em casa para torcer pelo Brasil. Antes da Copa, estarei com o meu aparelho novinho na sala”, festeja.

No setor de cervejas, o clima é de total otimismo. Como a produção brasileira da bebida registrou melhoria de desempenho em fevereiro, a expectativa é que cada lance de gol seja comemorado com bom gole de cerveja gelada. Depois de anunciar a campanha Copa sem aumento, que manterá preços congelados até o fim da competição, a Ambev, dona da Skol, Brahma, Antarctica, Bohemia, Budweiser e Original, aproveita a onda do Mundial. Lançará produtos relacionados à Seleção Brasileira.

Entre as novidades estão a Budweiser Golden Alubotlle, uma edição especial e limitada de garrafas em alumínio. Inspirada na Taça Fifa, a embalagem em tom dourado será lançada em mais de 40 países. No Brasil, chega até o fim do mês.

Há também a Brahma Seleção Especial. Já no mercado, é produzida com cevada cultivada na Granja Comary, centro de treinamentos da seleção. Com garrafa preta e detalhes em dourado e verde, será vendida nos principais supermercados do país, a R$9,99.

Uma das patrocinadoras da Copa, a Coca-Cola fará a Taça Fifa circular pelo país. O troféu ficará exposto em todas as capitais do Brasil. No Rio, poderá ser visitado no Maracanã de 22 a 25 deste mês. É preciso participar de promoção (informações no www.cocacola.com.br).

Cachorro quente não faltará na torcida. Lojas da Saara estão preparadas

A Geneal, tradicional nos jogos do Maracanã, mas que não estará nas partidas do Mundial — a Fifa fica responsável pela comercialização de bebida e comidas na Copa — já traçou seu esquema tático para aumentar seu saldo de gols no faturamento. A diretora de Marketing da marca carioca, Luciana Palhares, informa que haverá kits que os torcedores podem encomendar para saborear durante os jogos.

Há opções em que o consumidor aluga a carrocinha e um funcionário serve o sanduíche. O preço médio sai por R$ 320 o aluguel do equipamento e cada cachorro-quente custa R$3,95. A quantidade mínima é de cem sanduíches.

“O torcedor também pode contratar ‘ambulante’ que vai com a tradicional caixa térmica por R$ 140. Há opção do mini sanduíche que custa R$ 2,30 a unidade. O cardápio mais simples é o do kit festa, em que entregamos o cachorro-quente na caixinha, com taxa de R$ 10 de entrega”, descreve Luciana, ressaltando que a marca comercializou cerca de um milhão de sanduíches no ano passado. Os pedidos podem ser feitos pelo e-mail eventos@geneal.com.br ou pelo telefone (21) 2254-2000.

Os comerciantes da Saara também já estão preparados para as vendas de olho no Mundial. Produtos como chapéus, cornetas e máscaras para a Copa colorem as lojas de verde e amarelo. Nas ruas do mais frequentadas do centro comercial, como Alfândega e Senhor dos Passos, é possível comprar adereços que custam de R$ 1,99 e R$ 100.

Há colares com as cores da Seleção, que saem por R$ 2, chapéus em formato de bola por R$ 10 e cornetas para a torcida, entre R$5 e R$ 10. Até o mascote do Mundial, o boneco Fuleco, já dá as caras no comércio. O brinquedo de pelúcia, em vários formatos e tamanhos, está sendo vendido entre R$ 20 e R$ 100.

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