Por thiago.antunes

Rio - A queda de 2,1% nas vendas de veículos no primeiro trimestre do ano parece ter assustado muita gente. Fontes próximas ao governo federal informam que a possibilidade de manutenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos atuais níveis tem sido avaliada. A proposta inicial do Ministério da Fazenda era retomar a cobrança da alíquota integral em julho.

Se é efeito das constantes reclamações da indústria, ainda não se sabe. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou não ter discutido a possibilidade com o governo e o Ministério da Fazenda afirma, oficialmente, que ainda não há decisão sobre o assunto. Mas o fato é que o imposto pesou no bolso de quem comprou carros em março e desencorajou os que estavam com vontade de trocar de automóvel.

O IPI passou para 3% em janeiro e pode chegar a 7% em julho, no caso de carros 1.0. Mais a obrigatoriedade do airbag e freios ABS, o veiculo de mil cilindradas ficou mais caro e perdeu apelo e mercado. No caso dos de maior potência, o imposto já está em 9% e vai a 11%.

O imposto pesou no bolso de quem comprou veículo em março e desencorajou os consumidores que estavam com vontade de trocar de carroDivulgação

Sócio de consultoria especializada na indústria automotiva da EY, René Martinez acredita que é “absolutamente possível” que o governo tenha, sim, mudado de ideia. “Já vimos isso acontecer em outra circunstância”, diz. “Existe uma pressão e uma preocupação muito grande nesse sentido.”

A preocupação está nos pátios das montadoras, que ficaram lotados, com estoques para 48 dias de vendas. “Falta crédito, o mercado está disperso e ainda há a alta nos estoques”, diz Martinez. Sem estímulo, o próximo passo seria “cortar na carne”, explica o especialista sobre possíveis demissões.

Montadoras já anunciaram programas de demissão voluntária, férias coletivas e reduções de jornada para manter a produção parada enquanto os veículos nas lojas são vendidos. Até a Caixa Econômica Federal entrou no time pró-montadoras, oferecendo crédito pré-aprovado para boa parte de seus correntistas trocarem de carro.

Controle no orçamento

Economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza não acredita que o corte no IPI tenha grandes efeitos sobre a economia como um todo. “Acho que o governo tomou medidas pontuais que foram importantes, mas é evidente que o efeito não é o mesmo que foi no passado”, diz.

Para ele, é preciso ter clareza de qual será o benefício econômico da decisão. Isto porque entre 2009 e 2011, o governo deixou de arrecadar R$ 6,1 bilhões em tributos. “O governo não pode comprometer demais suas contas”, afirma.

Reportagem de Bárbara Ladeia

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