Por adriano.araujo

Rio  Diante de um cenário de pleno emprego e com a expectativa de receber investimentos da ordem de R$ 235,6 bilhões até 2016, a indústria do Rio de Janeiro espera se recuperar do momento atual pouco positivo para o setor em todo o país. No entanto, para que essa situação seja revertida, representantes da indústria defendem que são necessárias políticas públicas favoráveis, como alívio na carga tributária e redução na tarifa de energia elétrica.

No seminário “Mercado de Trabalho: Entraves e Avanços Necessários”, promovido pelo Sistema Firjan em comemoração ao Dia da Indústria sexta-feira passada, o presidente da federação, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, destacou a necessidade de regras trabalhistas mais flexíveis e a aprovação de lei que elimine a insegurança jurídica dos contratos de terceirização. “As regras que vigoram hoje, em nome da defesa e da proteção ao trabalhador, resultam em um ambiente nefasto para a competitividade empresarial e a geração sustentada de emprego”, disse.

Focado no mercado consumidor%2C Rio trouxe para o estado no ano passado empresas como Nestlé. Ambev e Coca-Cola ampliaram unidadesDivulgação

Em entrevista ao DIA, o gerente de economia e estatística da Firjan, Guilherme Mercês, esclarece que uma legislação trabalhista protecionista impede as empresas de contratar. Ele defende uma jornada de trabalho flexível, com turnos de quatro horas por dia, por exemplo. “Nos últimos anos também houve uma ascensão salarial muito grande, o que por si só não seria um problema, mas a questão é que a produtividade das empresas não acompanhou esse aumento”, afirma Mercês.

Secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio, Julio Bueno conta que, apesar da situação do país, o estado tem tido respostas positivas, principalmente do setor automotivo, que teve crescimento de 30% no ano passado. “Mas o que mais nos chamou a atenção foi a produção da indústria farmacêutica e bioquímica, que caiu nos outros estados e aqui cresceu respectivamente 18% e 20% em 2012 e 2013”, disse ele.

Para Bueno, hoje a principal dificuldade no estado é a qualificação da mão de obra. “O índice de pleno emprego conquistado pelo Rio dificulta ao empresário encontrar mão de obra disponível. E acho que esse é um bom problema, porque demonstra que o Rio está no caminho certo e com seu desenvolvimento contratado para os próximos anos”, pondera.

Produção do país caiu 0,5%

?A Pesquisa Industrial Mensal — Produção Física (PIM-PF), divulgada pelo IBGE em março, mostra que a redução no ritmo da produção industrial nacional foi de 0,5%, sendo que o Rio teve queda ainda maior, de 1%. Na comparação com março de 2013, a produção do país caiu 0,9% e a do estado, 2,4%.
Gerente executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco garante que, apesar disso, há motivos para comemorar o Dia da Indústria. “A expectativa é de superar as dificuldades. E o momento é importante para chamar a atenção do governo. Há políticas públicas, mas elas não são suficientes para reverter o quadro atual. Precisamos de medidas mais ousadas”, argumenta Castelo Branco.

Para ele, há pontos positivos no cenário atual. “A indústria tem mantido os empregos, de um modo geral, pois há esperança de que a situação melhore”. Contudo, ressalta que elas ainda têm custos mais altos que a produtividade.

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