Por bferreira

Rio - O Estado do Rio tem novas cidades com alto nível de desenvolvimento. Entre as cinco primeiras, três — Rio, Niterói e Volta Redonda — são estreantes na elite dos municípios fluminenses. É o que aponta o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), o mais recente levantamento, que usa estatísticas públicas oficiais de 2011 sobre Emprego, Renda, Educação e Saúde das cidades do país, sendo 92 no estado. A pesquisa da Federação das Indústrias do Rio também mostra que municípios da Baixada elevaram a posição no ranking, subindo de regular para moderado. Porém, ainda ocupam as últimas colocações.

Henrique Dias de Amorim%2C aluno do Colégio José Leite Lopes%2C comemora o resultado%2C mas diz que é preciso melhorar%3A “Educação é a base para cidade evoluir”Alessandro Costa / Agência O Dia

Resende apresentou o melhor índice de desenvolvimento, indo de 2º colocado em 2010 para 1º em 2011. Em seguida vem Volta Redonda (da 8ª para 2ª colocação), a única que apresentou alto nível de desenvolvimento nos três itens.

“Os municípios com alto desenvolvimento caíram de cinco para quatro. Apesar disso, houve um aumento de cidades do Rio entre as 500 primeiras do Brasil. Antes eram 11, agora são 13”, explicou o gerente de economia e estatística da Firjan, Guilherme Mercês.

Angra dos Reis, Porto Real e Macaé deixaram os cinco primeiros lugares e ocupam hoje, respectivamente, o 6º, 8º e 10º lugares. “Esses dados chegam defasados, são de 2011, mas estamos investindo para receber novas indústrias”, disse a prefeita de Porto Real, Maria Aparecida da Rocha Silva.

JAPERI PERMANECE NO FIM

Quem amarga o posto de município menos desenvolvido é Japeri, pelo segundo ano consecutivo. Entre os dez últimos que possuem nível regular, o mais baixo no Estado do Rio, quatro caíram para ingrata lista: Cambuci, Cardoso Moreira, Varre-Sai e São Sebastião do Alto. As prefeituras foram procuradas para comentar o ranking, mas não retornaram.

Integrantes da lista dos dez últimos municípios fluminenses, Belford Roxo e Queimados apresentaram alta em comparação com o levantamento feito em 2010. De acordo com o Prefeito de Queimados, Max Lemos, a política de atração de empresas foi determinante para o crescimento. “Transformamos Queimados em uma cidade emergente”, disse.

Um dos destaques, o Rio de Janeiro chegou à elite dos municípios devido especialmente ao avanço do item Educação, explicado pelas notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Henrique Dias de Amorim, 17 anos, aluno do Colégio Estadual José Leite Lopes, na Tijuca, comemora. “Educação é base de tudo, mas há muito a ser feito. A qualidade nunca vai ser 100%. A cada dia é uma mudança, e a sociedade tem outras reivindicações”, disse.

Emprego e renda pesam na colocação, diz economista

Gerente de Economia e Estatística da Firjan, Guilherme Mercês explica o avanço da cidade do Rio. “Houve crescimento de 1,4% no índice geral na comparação com 2010, influenciado pela melhora na Educação, que cresceu 6,8%, e do leve incremento na saúde (+0,4%)”, disse Mercês.

O economista acrescenta que Niterói registrou avanço de 2,4% no índice geral. “Isso foi impulsionado pelo crescimento na Saúde (+3,5%) e no Emprego e Renda (+2,4%)”, destacou.

Em Volta Redonda, o economista explicou que ocorreu alta de 6,2% no geral. “A alta é explicada principalmente pelo expressivo avanço de 14,7% na vertente Emprego e Renda”.

Já em relação aos municípios que recuaram, Porto Real, Angra e Macaé, o principal vetor para a queda do índice, explica Mercês, foi o item Emprego e Renda. “Foi um ano de desaceleração do mercado de trabalho, que afetou a maioria dos municípios brasileiros”, comentou. O especialista ressalta que as três cidades obtiveram avanços em Educação. “É importante salientar que ainda que tenham perdido posições no ranking estadual, elas permanecem com um quadro socioeconômico privilegiado em relação à maioria do país”.

Sobre a permanência de Japeri como último lugar na lista, o economista disse que a cidade apresentou avanço na saúde (+2,4%): “Assim como outros, o que levou o município a recuar foi sua queda em emprego e renda e porque 2011 foi um ano de desaceleração do mercado de trabalho”.

Rio sobe em ranking nacional

A cidade do Rio apresentou avanço no ranking das capitais brasileiras mais desenvolvidas.

O município foi da 11º para a 9ª posição, alcançando o status de alto desenvolvimento socioeconômico devido à evolução no IFDH Educação.

Curitiba (PR) continua no topo do levantamento, enquanto a cidade de São Paulo (SP) ficou em segundo, e Vitória (ES) na terceira posição.

Brasília perdeu o posto de alto desenvolvimento, caindo da 9ª para a 12ª posição, recuo devido à queda no item Emprego e Renda.

Destaque para Goiânia (GO), que ganhou três posições, e Palmas (TO), que apareceu em 4° lugar na lista.

Na ponta negativa das capitais estão Maceió (AL) e Macapá (AP). Em comum, a queda do item Emprego e Renda.

Abandono escolar recua

O índice Firjan foi criado em 2008 para ser usado como instrumento de políticas públicas. Sua metodologia foi ampliada para captar os novos desafios do país.

A Saúde ganhou um novo componente: Internações sensíveis. Já desigualdade, mercado formalizado e capacidade da cidade absorver população foram incluídas na categoria Emprego e Renda.

Nos avanços brasileiros, entre 2000 e 2010, estão a redução das mortes não definidas (15% para 7%), recuo do abandono escolar (12% para 3%) e empregos com carteira de trabalho (mais de 13 milhões).

Mas os desafios continuam. Na Educação, o abandono do Ensino Fundamental no Brasil é duas vezes maior que no Chile, que é líder na América do Sul. O mercado de trabalho pouco evoluiu em renda e empregos formais. A Região Norte é a que possui o pior desempenho em Saúde.

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