Rio - Depois do espumante sem álcool para crianças (alvo de ação do Ministério Público), o mercado de bebidas se envolve em nova polêmica, agora com a cerveja para cachorros. O produto que soa estranho divide a opinião até mesmo dos veterinários. Enquanto especialistas discutem, a expectativa do mercado de cerveja para animais prevê alta de 8,2% no faturamento.
Indicada para cães adultos, a Dog Beer, produzida em Vassouras, é formulada a partir do malte e apresenta sabor de carne. “A cerveja é comprada por quem bebe e quer que o cão o faça companhia”, disse o idealizador do produto, Marco Melo.
Ao observar a variedade de anúncios de alimentos para cães, Melo concluiu que “com tanta comida para cachorro, é capaz de o animal morrer entalado. Então, resolvi criar a cerveja para eles”, explica.
O empresário aproveitou a experiência com os cães e também desenvolveu a cerveja para gatos. A Cat Beer é oferecida em diversos sabores de carne. De acordo com a fabricante, o malte tem a propriedade de reduzir a incidência de cálculo renal, problema recorrente em felinos.
“Algumas pessoas que não sabiam como a cerveja é feita não gostaram da ideia no início, mas, com o tempo, viram que o produto não é igual ao do ser humano”, disse o empresário.
Com distribuidores em todo o Brasil, a microcervejaria espera produzir 100 mil garrafas ao mês e faturar R$120 mil mensais. “Estamos conseguindo grande expansão. Além das lojas para pets, conquistamos espaço nos supermercados e em postos de combustíveis”.
Mas a criação de mais esses produtos para cães e gatos não tem aprovação unânime de veterinários. Luciana Gondin, por exemplo, considera a cerveja um produto “desnecessário” para a saúde dos animais.
“É igual a cerveja sem álcool para criança. Isso pode viciar o cão. Além disso, essas bebidas devem ter corante e aromatizante, que podem causar alergia e até câncer mais à frente. Água é melhor”, afirma Luciana.
Com outro ponto de vista, o veterinário Leonardo Bustamante defende a elaboração de mais produtos para os animais domésticos. Mas ele lembra que a cerveja deve ser um aperitivo para o animal, e não pode substituir a alimentação rotineira.
“Algumas pessoas têm preconceito porque acham que a cerveja é igual a que o ser humano bebe. E não é. O cachorro está cada vez mais substituindo o filho. Então, o mercado tem que crescer para atender ao dono com uma preocupação que antes ele não tinha”, defende.
Mestres cervejeiros deram apoio técnico à produção
O Centro de Tecnologia de Alimentos e Bebidas do Senai do Rio, polo de formação de mestres cervejeiros da América Latina, deu apoio técnico para produzir a Dog Beer. Veterinários e especialistas em cerveja dedicaram três anos de estudos, com o intuito de criar a bebida rica em nutrientes e ainda fabricar um produto semelhante ao consumida por seres humanos.
Disponível ao preço médio de R$ 10, a bebida, em garrafas de 355 ml, é recomendada para animais acima de quatro quilos, que podem consumir apenas uma garrafa por dia. Bichos menores podem ingerir até meia garrafa diariamente.
O engenheiro químico e chefe da equipe que desenvolveu a Dog Beer, José Gonçalves Antunes, explica que, para produzir a bebida, o método usado é o de interromper o processo no segundo tanque para evitar a fermentação da cerveja. Ali, é adicionado o extrato de carne.