Por felipe.martins

Rio - Se o futebol fosse um pregão da Bolsa de Valores, a Copa do Mundo seria essencial para definir a cotação das ações. Durante 30 dias, 736 jogadores se exibiram na maior vitrine mundial do esporte e, com o fim do evento, os que conseguiram se destacar saem com o passe valorizado, mesmo sem colocar as mãos na taça. “É o torneio com a maior pressão e maior visibilidade para um atleta, e o período pós-Copa sempre tem muitas transferências”, afirma Pedro Daniel, gerente da área de esportes da empresa de consultoria BDO Brazil.

Clique na imagem para melhor visualizaçãoArte O Dia

Segundo estudo feito pela Pluri, consultoria especializada em futebol, os jogadores que mais ganharam valor de mercado na Copa foram jovens talentos que tiveram atuações surpreendentes e brilhantes, a maioria em sua primeira competição (9 entre 12). A alta presença de estreantes se deve ao fato de veteranos como Messi, Robben e Kroos, que seriam ações ‘blue chips’ deste pregão, já possuírem passe elevadíssimo, de modo que a valorização não representa tanto em grandezas percentuais.

Quem mais se beneficiou com o torneio foi o equatoriano Enner Valencia. O atacante que joga no Pachuca, clube do México, valia 4,2 milhões de euros (R$ 12,7 milhões). Após balançar as redes três vezes e se tornar o herói da seleção equatoriana, seu passe foi catapultado para 7,9 milhões de euros (R$ 23,9 milhões). De acordo com a imprensa britânica, o jogador já recebeu uma proposta de 12 milhões de euros (R$ 36 milhões) para jogar no West Ham, na ‘Terra da Rainha’.

Apesar de não ter a maior valorização percentual, o nome que mais impressiona na lista é o do colombiano James Rodriguez. Com apenas 21 anos, o meio-campo já era conhecido na Europa e tinha preço elevado quando comparado a outros nomes do ranking, de 37,1 milhões de euros (R$ 112 milhões). Após se tornar o ícone máximo de sua seleção e fazer um dos gols mais belos da competição, contra o Uruguai, o jogador do Mônaco, da França, viu seu passe aumentar 44,5%, chegando a 53,6 4 milhões de euros (R$ 162 milhões).

“Ele já era um grande jogador, mas não estava no patamar de nomes como o Neymar, Robben e Cristiano Ronaldo. Ele não tinha se firmado no Mônaco e fez isso na Copa, em apenas quatro jogos, sendo muito eficiente e marcando muitos gols”, afirma Fernando Ferreira, sócio da Pluri.

A cada defesa, mais dinheiro no bolso

Em uma Copa do Mundo, cada bola afastada do gol significa mais dinheiro no bolso. Guarda-redes menos vazado da Copa, com dois dois, o costa-riquenho Keylor Navas viu sua cotação explodir após sua seleção passar ilesa pelo grupo da morte e pelo pênalti decisivo defendido contra a Grécia. A boa fase culminou em valorização de 65%, que pode aumentar, caso se confirme a transferência para o Bayern de Munique por 10 milhões de euros (R$30,2 milhões). No caso de Claudio Bravo, do Chile, a ascensão já foi confirmada com a contratação recente pelo Barça. Já Guillermo Ochoa, revelação do México, segue sem clube, mas quem quiser contratá-lo agora terá que pagar bem mais.

Dois atletas que figuram no ranking de valorização estão nas seleções que disputam a final hoje. O atacante alemão André Schürrle, da Alemanha, e o zagueiro Marcos Rojo, da Argentina. Schürrle começou como reserva e cresceu na competição, participando da balaiada de 7 a 1 contra o Brasil com dois gols.

Ele sai com o passe aumentado em 34%, custando 28,3 milhões de euros (R$85,5 milhões). Segundo Ferreira, além do bom desempenho, Schürrle conta com a ajuda da grife germânica.
“Os alemães são os queridinhos do mercado agora, assim como eram os espanhóis há quatro anos, quando qualquer jogador novo que aparecia subia violentamente de preço”, analisa.

Após vexame, time do Brasil perde valor

Ao deixar o torneio precocemente em uma semi final humilhante, a seleção brasileira, uma das mais caras do mundo, saiu desvalorizada. Segundo levantamento da Pluri Consultoria, a equipe perdeu, no total, R$ 61,6 milhões em valor de mercado, saindo da competição avaliada em 449,8 milhões de euros (R$ 1,36 bilhão). Todos os convocados sofreram depreciação, com exceção do atacante Neymar, que saiu da Copa após uma grave lesão sofrida no jogo contra a Colômbia.

A maior queda foi a do atacante Fred. Criticado deste o início do torneio por atuação apagada, ele desvalorizou 16%. Seu passe passou de 6,3 milhões de euros (R$ 19 milhões) para 5,3 (R$ 16 milhões).

“Ele já tinha um valor depreciado pela idade e por seu histórico de lesões. Daqui pra frente, não deve ter mais chance em nenhum clube europeu”, analisa Pedro Daniel, da BDO Brazil.

Mas para o especialista em gestão esportiva Amir Somoggi, o mais prejudicado foi o técnico Luiz Felipe Scolari, que não é listado. “Ele é disparado quem mais perdeu. Foi o grande responsável pela derrota.”

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