Rio - Antes vistas como oportunidades exclusivas para as classes mais altas, as viagens de intercâmbio se apresentam como boa opção também para a população brasileira de baixa renda. Além da alta do poder aquisitivo dessa faixa, as facilidades do crédito ajudam a atrair o grupo para a modalidade. Clientes da classe C, da qual fazem parte 108 milhões de brasileiros, já respondem por até 20% das vendas, conforme dados da agência de intercâmbio CI.
O motivo para esse movimento é simples: os pais entendem que, com a vivência internacional, seus filhos passam a ter condições de conseguir melhores posições no mercado de trabalho e, consequentemente ter um salário maior. Essa é a explicação de Celso Garcia, um dos sócios-diretores da CI, que investe na ampliação desse mercado.
Segundo ele, a democratização do intercâmbio tornou-se uma realidade. “Aliado a isso, há possibilidades de financiamento em até 24 vezes, com parcelas atraentes”, explica Garcia.
Em pesquisa feita pela Associação Brasileira de Viagens Educacionais e Culturais (Belta, na sigla em inglês), 76% das agências de intercâmbio afirmaram que vêm atendendo a esse público nos últimos dois anos. Para algumas empresas, é um nicho já consolidado. Segundo o levantamento, a classe C já representa metade das vendas em 10% das agências
Além da vantagem em aprender um segundo idioma, existe a experiência em si e o amadurecimento decorrente dela. De acordo com o consultor em Recursos Humanos da ManpowerGroup, Edson Balestri, “o acesso a culturas diferentes faz com que o intercambista saiba lidar com outras situações”. Segundo ele, o viajante fica mais apto a gerir conflitos. “Esta habilidade é válida para as empresas, principalmente as que são multinacionais, ou as que têm relações comerciais e políticas com companhias internacionais”, afirma Balestri.
Para a gerente de carreiras Dayse Gomes, a capacidade de adaptação à culturas e aos hábitos de outros países é um dos maiores diferenciais de um profissional que passa um período fora, principalmente para ocupar cargos de liderança.
É nesse cenário que a CI trabalha e espera fechar 2014 com um crescimento de 20% no seu faturamento. A empresa direciona a expansão de sua rede de lojas em cidades com grande incidência de pessoas nessa faixa de renda que estão aptas a consumir o produto intercâmbio. Pode ser um curso de idiomas ou universitário, trabalho voluntário ou viagem de experiências.
“Essa parcela das pessoas enxerga no emprego o caminho da estabilidade e isso passa por uma segunda língua”, explica Garcia.
?Jovem economizou por dois anos
?O sonho de Giovanna Picinini Di Giovanni, 24 anos, era fazer intercâmbio na Inglaterra. Mas como o salário da jovem não proporcionava uma viagem imediata, ela juntou dinheiro por dois anos.
Jornalista, ela conta que veio de São Paulo para morar no Catete e desde então se sustenta sozinha. “Não é possível fazer todas as minhas vontades. Dá para viver e realizar os sonhos, mas administrando e economizando”, recomenda.
E depois de guardar cerca de R$ 600 por mês, ela fez o intercâmbio que custou R$ 15 mil. Segundo Giovanna, valeu a pena ficar com o orçamento apertado no tempo que estava poupando para a viagem.
“Trabalhei depois do intercâmbio com pessoas que falavam inglês, pessoal da Austrália, do Canadá, e se eu não tivesse feito a viagem eu não teria conseguido”, disse.
COMO SE PREPARAR
?DOCUMENTAÇÃO
Não deixe a programação para a última hora. É importante tirar os documentos, como o visto de entrada para o país escolhido, com antecedência.
CLIMA
Tenha atenção para as peças do guarda-roupa. Se for um país com clima frio, esteja preparado.
SEGURO-SAÚDE
Seguro-saúde é fundamental. Se houver a possibilidade de praticar esportes radicais, veja se o pacote faz cobertura.
CREDENCIAMENTO
Confira se a agência de viagem faz parte de federações nacionais ou internacionais. Vale verificar também se a empresa tem escritórios próximos ao seu destino.
REMÉDIOS
Caso tome remédios regularmente, calcule a quantidade necessária para o período da estada e leve-os na bagagem. Também tenha em mãos as receitas que precisar.
CELULAR
A conta do celular pode sair cara por causa do deslocamento. Por isso, se quiser usar seu aparelho, opte por comprar um chip local para fazer ligações.
LEGISLAÇÃO
É fundamental atentar para a legislação do local que esteja visitando, já que ela muda drasticamente de lugar para lugar. Evite problemas.
CONTRATO
Leia o contrato com atenção. Confira a cláusula de desistência, pois imprevistos podem acontecer e é preciso estar sempre atento.