Por bferreira

Rio - Após recomendar a seus clientes “vips”, implicitamente, que não votassem em Dilma Rousseff (PT) nas eleições, o Banco Santander se desculpou publicamente ontem. Em um informe que estava sendo enviado aos correntistas de alta renda, da categoria Select, analistas da instituição alertavam sobre repercussões negativas na economia caso a presidenta se estabilizasse ou subisse nas pesquisas eleitorais.

O alerta foi divulgado nos extratos dos clientes e afirmava que, se Dilma tivesse maior preferência do eleitorado, “o câmbio voltaria a se desvalorizar, os juros longos retomariam a alta e o índice Bovespa cairiam, revertendo parte das altas recentes”.

A mensagem causou mal-estar, e o banco se retratou em sua página na internet, afirmando que o texto “não reflete, de forma alguma, o posicionamento da instituição”. A nota informa que a categoria Select representa apenas 0,18% da base de clientes do banco e que todas as análises econômicas são pautadas por critérios técnicos.

“O referido texto feriu a diretriz interna que estabelece que toda e qualquer análise econômica enviada aos clientes restrinja-se à discussão de variáveis que possam alterar a vida financeira dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário.”

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, criticou o Santander, a quem acusou de fazer “terrorismo eleitoral”. Ele afirmou que houve demissões após o ocorrido. O Santander informou apenas que “tomou todas as medidas cabíveis”.

Segundo a especialista em Direito Eleitoral Vânia Ieta, do escritório Siqueira Castro, a atitude do banco pode ser interpretada como uma irregularidade na propaganda eleitoral. “É uma instituição privada, mas de uso comum, que está fazendo propaganda negativa de um candidato”, avalia.

Executivo elogia BC

Após a gafe cometida pelo Santander, o presidente do Banco no Brasil, Jesús Zabalza, fez elogios às medidas anunciadas pelo Banco Central ontem para estimular o crédito no país.

No início do dia, a autoridade monetária anunciou um pacote para estimular a ampliação do crédito no país, com potencial de injetar R$ 45 bilhões na economia.

“Além de liberar recursos a novas operações e ao financiamento do investimento, a autoridade monetária contempla o fortalecimento das instituições financeiras de menor porte”, analisou Zabalza.

O executivo afirmou também que tem “total confiança” na economia brasileira, “por seu vigor econômico, ambiente de negócios dinâmico, sistema financeiro bem regulado e democracia estável.”

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