Por bferreira

Rio - Os programas de medicina da família começaram a chegar aos planos de saúde. Prática já usada pelo SUS, a ideia é o cliente de convênio passar por um médico clínico geral, que fará o primeiro diagnóstico e depois direcioná-lo para um especialista, caso for preciso. No entanto, o usuário não pode ser impedido de procurar um médico de um determinado segmento, alerta especialista em Direito do Consumidor.

Para a advogada Melissa Areal Pires%2C o plano de saúde não pode impedir o usuário de procurar um profissional de sua preferênciaDivulgação

Até então com foco na saúde pública, as equipes de medicina da família das operadoras vão atuar em consultas de rotina ou em situações inesperadas, como crises de sinusite e problemas gastrointestinais. O paciente será examinado, medicado e encaminhado a um especialista, em seguida. O registro do prontuário servirá de histórico. A proposta é criar uma relação próxima entre médico e paciente.

A Unimed e a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) já possuem a atenção preliminar. Na Unimed, foi registrado melhora no acompanhamento da rotina de saúde de mais de 100 mil pacientes participantes de programas de Atenção Primária à Saúde. No momento, há duas unidades da Unimed com o sistema já implantado, com possibilidade de expansão para outros estados, como o Rio de Janeiro. A operadora testa há um ano um projeto-piloto, com 1.700 clientes.

“A meta é migrar gradualmente a longo prazopara o modelo de cuidado de Atenção Básica”, disse o coordenador do Centro de Inovação e Qualidade da Unimed, Paulo Borem.

Já a Cassi tem um modelo ainda mais abrangente. Com 700 mil usuários, a Caixa de Assistência mantém o serviço que foi implantado em 65 clínicas no país com equipes de saúde da família. Pelo menos uma vez por ano, os usuários cadastrados são procurados para agendarem consulta preventiva.

Além disso, também podem receber ligações para falar sobre possíveis dificuldades com a dieta ou exercícios, por exemplo. Mas é preciso que os clientes não sejam prejudicados com a demora na triagem.

“A iniciativa é boa, desde que não prejudique o atendimento. Muitos pacientes não têm problemas graves, mas precisam de rapidez no atendimento. E passar por clínico demoraria esse processo”, avalia a advogada Melissa Areal Pires, especialista em Direito do Consumidor. “O plano não pode impedir o usuário de procurar profissional de sua preferência”, ressalta a profissional.

Implantação do sistema passa por quatro pontos

O sistema passa por quatro pontos: no primeiro contato, o paciente busca o atendimento inicial por meio do médico clínico geral em atenção primária. Neste primeiro contato, 80% a 90% dos problemas de saúde podem ser resolvidos sem que seja acionado um especialista, conforme mostrou um estudo com base de dados de diferentes países, como Holanda, Inglaterra, Canadá e Espanha.

O segundo passo é o atendimento acompanhado. Nesta fase, o paciente é atendido de maneira contínua durante toda a vida, segundo projetam os planos de saúde.

Na terceira etapa, há a integralidade, em que a atenção é direcionada para a saúde, quando o usuário faz seus exames de rotina, ou na doença do cliente, que seguirá para um especialista.

O quarto fundamento da medicina da família é a coordenação. Se o paciente passar para níveis secundários e terciários de atendimento, como uma internação, o médico de atenção primária ainda será responsável pela coordenação deste processo juntamente com equipe. Quando o paciente é encaminhado ao especialista, o médico pessoal coordena também o procedimento.

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