Por bferreira

Rio - Antes considerada atividade exclusiva da mulher, ir ao supermercado está se transformando em uma função dos homens também. Pesquisa da consultoria ToolboxTM conclui que o número médio de consumidores masculinos no varejo alimentar aumentou, chegando hoje a 31%, mais que o dobro verificado há quase três décadas. De acordo com o estudo, eles frequentam o supermercado e 62% são responsáveis pelas compras mensais do lar.

O aposentado Odacir Ruiz ajuda a esposa em casa e garante que é atraído%2C principalmente%2C pelos preços baixos e produtos funcionaisFábio Gonçalves / Agência ODIA

Os dados revelam que o consumidor masculino que vai às compras é, em sua maioria, casado e possui filhos (66%). Além disso, 32% dos 600 entrevistados se dividem entre profissionais que trabalham em horários alternativos ou em escritórios em casa.

O principal motivo para esse movimento é a transformação da sociedade. De acordo com o principal executivo do Grupo Toolbox, Rafael D’Andrea, “a mulher não é mais apenas a dona do lar, ela também tem profissão. Então, o homem precisa ajudar nas tarefas e já entendeu isso”, disse o responsável pelos dados.

Mesmo assim, as diversidades entre os gêneros também são levadas para o supermercado. “Mulheres vão às compras, homens fazem compras”, disse D’Andrea. Ele explica que o sexo masculino escolhe os produtos que estão mais próximos dele dentro do estabelecimento e leva em consideração, principalmente, o preço.

“As publicidades não impactam os homens da mesma forma que as mulheres. Enquanto a esposa se identifica com a família feliz na embalagem do produto, o marido quer resultado e preço baixo”, explicou.

A mudança de comportamento fez com que os supermercados se aperfeiçoassem a esse novo público. Segundo o especialista em varejo, Marco Quintarelli, “os estabelecimentos sabem do que esse consumidor gosta e modificam até as gôndolas de olho nesse cliente.”

Eles escolhem os produtos com os preços mais baixos

“Homem que não ajuda nas compras acaba solteiro”. É com essa frase que o vendedor Rogério José Liers, 46 anos, explica o motivo de estar no supermercado. Ele colabora com a esposa nas compras de mês e confirma o que a pesquisa diz: “Não percebo marcas, pego o que está perto de mim e o mais barato.”

A mulher também não faz listas para ele, que diz saber o que precisa levar por participar da rotina da casa. “Eu também cozinho e sei o que não tem no armário”, garante.

O aposentado Odair Ruiz, 72 anos, diz que ajudar a esposa é um dos segredos para o sucesso do casamento. “Eu também como, também sujo, então também vou ao supermercado”, explica ele.

Mas na casa de Ruiz há uma divisão. “Eu compro somente o necessário, não tenho muita paciência para escolher marcas. Produtos além da cesta básica, só a minha esposa sabe comprar”, diz. Já em relação ao preço, o morador do Bairro de Fátima não é diferente dos outros homens: “Sempre o mais barato!”.

Serviços especiais

Após avaliar o público do supermercado em pesquisa do Ibope, o SuperPrix está reformulando os produtos de olho no sexo masculino. Dados solicitados pelo estabelecimento revelam que 50% de seus consumidores são homens. Para manter esses compradores, o SuperPrix investiu em produtos especiais, como cervejas e vinhos importados, queijos premium, carnes com cortes específicos, entre outros.

A gerente de marketing da rede, Cynthia Vale, explica que o supermercado contratou assessoria para transformar esse consumidor comum em “shopper” — cliente que pensa, pondera e decide a compra.
“Faremos duas unidades adaptadas para o formato de família, com gôndolas estratégicas, com degustações de cervejas, com mensagens especiais, entre outras ações”, revelou.

Especialista em varejo, Marco Quintarelli explica que essas atitudes são necessárias para que os supermercados sobrevivam a esse novo movimento. “Homens gostam de comprar coisas para eles, para o churrasco, para o prato especial. Esse novo perfil masculino gosta de cozinhar, de se cuidar, então precisam de produtos direcionados”, adverte.

Outra característica que o mercado já identificou é a dificuldade do homem em diferenciar os produtos naturais. Responsável pelo levantamento da ToolboxTM, Rafael D’Andrea, alerta que esses detalhes fazem a diferença na hora da compra.

“Homem precisa de etiqueta nos produtos, pois a maioria não sabe identificar as hortaliças, por exemplo. Os supermercados já identificam isso nas embalagens e é fundamental para aumentar as vendas”, diz.

Você pode gostar